Express Yourself

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EXPRESS YOURSELF! DON'T BACK DOWN! “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” [1 TIMÓTEO 01:15]

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

METRÔ RIO PAROU E O CARIOCA SE REBELOU!

METRÔ RIO PAROU E O CARIOCA SE REBELOU!


Ontem (09/09/2025), devido à falha no fornecimento de energia elétrica, o Metrô Rio parou de rodar entre as estações de Pavuna e Maria da Graça (Linha 2). E, logicamente, virou um caos a volta para casa depois de mais um dia cansativo de trabalho. Muitos trabalhadores desceram em Maria da Graça para pegar outra condução para casa.
 
Eu peguei o ônibus 629, mais conhecido como ‘meia vinte morte’. E é inacreditável como muitas pessoas se comportam como animais. As pessoas entravam sem esperar outros saírem. Muitos aproveitaram a confusão para entrar sem pagar. Outros, ao ver o ônibus parado, forçavam a porta para abrir. Ônibus lotado, obviamente que o motorista não conseguia dar 100% de seu trabalho. Quando ele não parava no ponto, gritos de ‘FDP’, ‘Viado!’, ‘Arrombado!’ entre outros eram proferidos. O motorista em questão levou de boa e ainda zoava. Observa-se claramente que o brasileiro, com destaque para o carioca, com seu jeitinho tosco de ‘malandro’, não merece ter o melhor.
 
Eu fiz um vídeo há uns anos mostrando a diferença nas estações de metrô na Cidade do Rio de Janeiro. Como exemplo, disse que na estação Engenho da Rainha tem duas escadas normais, um elevador, não tem banheiro, não tem escada rolante, não tem nada. É o básico. Como diz um meme: ‘Este é o mínimo e este será o máximo!’. Quando nos dirigimos à estação General Osório (Ipanema), ela tem três andares construídos nas pedras, elevadores, banheiros, quadros, sofás, escadas rolantes horizontais e verticais, música tocando. E eu questionei o porquê de lá ter e na Zona Norte não. A resposta é óbvia: uma parte dos brasileiros se comporta como animal. A palavra ‘destruição’ é algo rotineiro. A prefeitura colocou caçambas de lixo em vários pontos da Avenida Dom Helder Câmara, e já estão todas ou quebradas ou pichadas. A prefeitura pinta algum lugar e, minutos depois, já vemos pichações. Nossa cultura é do desprezo ao patrimônio, é da falta de zelo, falta de cuidado. Uma parte da sociedade não vê nada demais em botar fogo em ônibus em manifestações. Uma parte da nossa sociedade não vê nada demais em jogar lixo no chão (e ainda dizem: ‘Estou dando trabalho para o Gari!’).
 
É claro que eu também vejo o lado do ‘pobre’, trabalhador, cansado, que só quer receber seu salário, chegar a casa e ver a família. Mas é inadmissível esta cultura da destruição que temos. E, muitas vezes, isto vem de influenciadores, cantores e artistas, que no palco pregam esta desordem em prol de algum ideal, mas em suas casas não tem um risco na parede.
 
E, para completar o combo, entraram no ônibus dois jovens com aquele jeitinho ‘estranho’: chinelo, boné, roupão camuflado, celular na cintura. Eles talvez não fossem bandidos, mas temos uma cultura também de que ‘se fantasiar e se comportar como bandido’ é ‘estiloso’.
 
A solução? Vou repetir o de praxe: investir em Educação. Infelizmente, nós também temos uma cultura de sexo, onde pessoas fazem filhos e acham que o Estado é responsável pela criação deles. E, pior, quando algum educador tenta dar ensinamento ou alguma ordem, estes responsáveis (que são irresponsáveis) vão à escola refutar o Professor, Pedagogo, Coordenador. Hoje em dia, punição a alunos não é mais visto como punição. Punição é vista como diversão. A Educação deve vir de berço, do lar. Já que em muitos não tem, vamos investir na educação básica. Um grande problema que vejo hoje é que governos acham que investir em Educação é investir só em Universidade. E não! Tem que começar desde o início.
 
Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2025
Raphael Paiva

JULGAMENTO DE BOLSONARO | VOTO DE LUIZ FUX

Fux vota para anular todo o processo por falta de competência do STF para julgar os réus
 
Ministro também votou pela incompetência absoluta da Primeira Turma de analisar o caso.
 
Por Luiz Felipe Barbiéri, Reynaldo Turollo Jr, Márcio Falcão, g1 e TV Globo — Brasília
 
10/09/2025 09h25  Atualizado há 12 minutos


O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pela "incompetência absoluta" da Corteela "incompetência absoluta" da Corte para julgar a ação penal na ação penal em que são réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete integrantes do núcleo crucial da chamada trama golpista.
 
Fux recorreu ao entendimento de que os réus são pessoas sem prerrogativa de foro privilegiado, ou seja, elas não têm o direito de serem julgadas por uma instância superior (leia mais abaixo). O ministro acrescentou que, mesmo se o STF tivesse de julgar a ação, não seria a Primeira Turma (composta por cinco ministros) a mais adequada para fazê-lo – mas, sim, o plenário do da Corte (composto por 11 ministros).
 
Na manhã desta quarta, a Primeira Turma do STF retomou, justamente com o voto de Fux, o julgamento dos oito réus da trama golpista. A previsão é que o voto tome toda a sessão do dia. O magistrado iniciou a fala abordando as questões preliminares, que são questionamentos processuais levantadas pelas defesas.
 
Nesta terça-feira (9), haviam votado pelas condenações o relator, ministro Alexandre de Moraes, e o ministro Flávio Dino. A divergência de Fux em alguns pontos levantados no julgamento, contudo, não deve mudar o resultado.
 
Ao começar a sua fala, o ministro destacou a importância do papel do juiz e do seu distanciamento: "A Constituição da República delimita de forma precisa e restrita a hipótese que nos cabe atuar originariamente no processo penal. Trata-se, portanto, de competência excepcionalíssima, tal atribuição aproxima o Supremo dos juízes criminais de todo o país".
 
E prosseguiu: "O juiz, por sua vez, deve acompanhar a ação penal com distanciamento, não apenas por não dispor de competência investigativa e acusatória, mas com o dever de imparcialidade. A despeito dessa limitação, o juiz funciona como controlador da regularidade da ação penal, e segundo é o juiz quem tem a palavra final sobre a justa correspondência de fatos e provas".
 
INCOMPETÊNCIA DO STF E DA PRIMEIRA TURMA
A mencionar a incompetência do Supremo em julgar a ação, Fux argumentou que os réus não têm a prerrogativa de foro.
 
"Sinteticamente, ao que vou me referir é que não estamos julgando pessoas que têm prerrogativa de foro, estamos julgando pessoas sem prerrogativa de foro", afirmou.
 
"Compete ao STF precipuamente a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar originariamente nas infrações penais comuns o presidente da República, o vice-presidente, a membros do Congresso Nacional, seus próprios ministro e o procurador-geral da República. O primeiro pressuposto que o ministro deve analisar antes de ingressar na denúncia ou petição inicial é verificar se ele é competente", emendou.
 
Ele disse ainda que, na época do suposto cometimento dos crimes julgados na trama golpista, a regra era outra. Naquele período, só tinha foro privilegiado quem estava efetivamente no mandato.
 
Nesse sentido, em seu voto, Fux declarou a nulidade de todos os atos decisórios praticados pelo STF na ação penal.
 
"Meu voto é no sentido de reafirmar a jurisprudência dessa corte. Concluo, assim, pela incompetência absoluta do STF para o julgamento desse processo, na medida que os denunciados já havia perdidos seus cargos", prosseguiu.
 
No caso do julgamento permanecer na alçada do STF, outro ponto levantado por Fux se refere à incompetência da Primeira Turma em analisar o caso. O ministro defendeu que esse papel deveria ser exercido pelo plenário, composto por mais ministros.

"Os réus não têm prerrogativa de foro porque não exercem função prevista na Constituição. Se ainda estão sendo processados em cargos por prerrogativa, a competência é do plenário do STF. Impõe-se o deslocamento do feito para o órgão maior da Corte", justificou.
 
"Acolho essa preliminar [sobre a incompetência da Primeira Turma] e também declaro a nulidade de todos os atos praticados por este STF", emendou.
 
Quando o plenário do Supremo começou a julgar os primeiros réus do 8 de Janeiro, em setembro de 2023, o ministro Fux acompanhou o relator, Moraes, sem questionar a competência da Corte para analisar os casos dos que depredaram os prédios públicos, que não tinham prerrogativa de foro especial.
 
As críticas de Fux ao foro adequado para o julgamento da trama golpista se consolidaram neste ano, principalmente no julgamento do recebimento da denúncia contra o núcleo crucial, em março. Naquela ocasião, o magistrado destacou que concordava com as alegações das defesas.
 
CERCEAMENTO DE DEFESA
Fux também acolheu os argumentos sobre o cerceamento da defesa por conta da dificuldade de acessar os documentos do processo.
 
"O devido processo legal vale para todos. Nesse ponto, eu grifo o que tem sido denominado de document dumping, a disposição tardia de um grande número de dados", afirmou Fux.
 
"Em razão da disponibilização tardia de um tsunami de dados, sem identificação com antecedência dos dados, eu acolho a preliminar de violação constitucional de ampla defesa e declaro cercamento de defesa", prosseguiu.
 
VALIDADE DA DELAÇÃO
O ministro também votou pela validade da delação de Mauro Cid, com benefícios concedidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
 
"Nesse caso, o réu colaborou com as delações sempre acompanhado de advogado e as advertências pontuais feitas pelo relator ao colaborador. Isso faz parte do rol de perguntas que se pode fazer ao colaborador. E, na verdade, esse colaborador ele acabou se autoincriminando, porque ele confessa", justificou Fux.
 
"Nesse sentido, parece-me desproporcional a anulação dessa delação. Estou acolhendo a conclusão do relator, o parecer do MP e voto nos sentido de se aplicar ao colaborador ou benefícios propostos pela PGR", completou.
 
SUSPENSÃO DA AÇÃO PENAL DE RAMAGEM
Em seu voto, Luiz Fux considerou suspensa a ação penal que envolve o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.
 
"Estamos no caso da organização criminosa diante de um único crime que se prorrogou no tempo. O crime de organização criminosa, é um só. Seja no momento anterior ou posterior do réu, Alexandre Ramagem. Por essa razão eu voto pela extensão dos efeitos da decisão dessa turma para suspender a ação penal em relação a esse réu e a respectiva prescrição", argumentou.
 
Link da reportagem: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/10/juiz-deve-acompanhar-a-acao-com-distanciamento-diz-fux.ghtml

JULGAMENTO DE BOLSONARO | VOTO DE FLAVIO DINO

Dino vota para condenar Bolsonaro e mais 7 por golpe de Estado; placar é de 2 a 0
 
Antes, o ministro e relator, Alexandre de Moraes, já havia votado para condenar os 8 réus. Julgamento será retomado nesta quarta; faltam os votos de três ministros.

Por Fernanda Vivas, Fábio Amato, Reynaldo Turollo Jr, Afonso Ferreira, g1 e TV Globo — Brasília
 
09/09/2025 17h00  Atualizado há 19 horas


O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus por golpe de Estado. Com isso, o julgamento na Primeira Turma da Corte tem placar de 2 a 0 pela condenação.
 
O relator do caso, Alexandre de Moraes, já havia votado no mesmo sentido, afirmando que os réus compuseram o chamado núcleo crucial da trama golpista — uma organização criminosa que tentou manter Bolsonaro no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 
Dino fez uma ressalva em relação ao voto de Moraes: para ele, as penas dos réus Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira devem ser menores, pelo fato de eles terem menor participação na trama golpista.
 
Os ministros votaram para condenar Bolsonaro e os demais 7 réus também pelos crimes de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Eles ainda votaram pela condenação pelos crimes de dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado — menos para o réu Alexandre Ramagem.
 
Além de Dino e Moraes, os demais ministros da Turma – Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado – ainda precisam se posicionar.
 
A expectativa é de que o julgamento seja concluído até a próxima sexta-feira (12).
 
Como a Primeira Turma tem cinco ministros, se três votarem pela condenação já é formada maioria para tornar o réu culpado.
 
O voto de Dino
Ao iniciar seu voto, Dino afirmou que a Constituição precisa estar preparada para enfrentar ameaças internas.
 
“Ela surge para evitar os cavalos de Tróia, pelos quais, no uso das liberdades democráticas, se introduzem vetores de destruição dela própria”, disse.
 
Dino frisou que o julgamento segue parâmetros normais. “Esse julgamento não é excepcional, não é um julgamento diferente dos que nossos colegas fazem país afora”, afirmou.
 
O ministro também ressaltou que crimes contra o Estado Democrático de Direito são imprescritíveis e não podem ser objeto de indulto ou anistia.
 
“Esses crimes já foram declarados pelo plenário do Supremo Tribunal Federal como insuscetíveis de indulto, de anistia. Não cabe falar em extinção da punibilidade”, disse.
 
O voto de Moraes
Moraes, o relator, votou pela condenação de Bolsonaro e dos demais sete réus pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.
 
Nos crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, Moraes votou pela condenação de sete acusados. A exceção foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), por quem a Câmara dos Deputados suspendeu a tramitação da ação nesses pontos.
 
Segundo Moraes, Bolsonaro – atualmente preso em regime domiciliar – liderou uma organização criminosa que tinha um projeto autoritário de poder e agiu para impedir a posse do presidente eleito.
 
As provas citadas por Moraes
O relator descreveu uma cronologia de atos que, segundo ele, comprovam a tentativa de golpe:
 
Live de julho de 2021: Bolsonaro atacou as urnas sem provas. “A live foi mais um ato executório”, disse Moraes.
 
Reunião ministerial de julho de 2022: encontrada no computador de Mauro Cid, foi classificada como “confissão” de integrantes.
 
Reunião com embaixadores (julho de 2022): Moraes chamou o encontro de “entreguismo” e de “tentativa de retorno à posição de colônia”.
 
Operações da PRF no 2º turno de 2022: Moraes afirmou que foram dirigidas contra eleitores de Lula e que a cronologia mostrou o “absurdo total” da conduta.
 
Plano Punhal Verde e Amarelo: documento de novembro de 2022 que previa neutralizar autoridades. “Não é crível achar que o general foi ao Alvorada e fez barquinho de papel com o plano”, ironizou Moraes.
 
Áudio de Mário Fernandes a Mauro Cid: no qual Bolsonaro teria anuído com ações golpistas até a diplomação. “Não há prova mais cabal”, disse o relator.
 
Minutas de decreto golpista: Moraes afirmou que a organização “já tinha decidido pelo golpe — só faltava definir os termos”.
 
Atos violentos: bomba em caminhão no Natal de 2022, ataques de 12 de dezembro e a invasão de 8 de janeiro foram citados como parte da escalada.
 
“Estamos esquecendo que o Brasil quase voltou a uma ditadura de 20 anos porque um grupo político não soube perder as eleições”, declarou.
 
O que diz a Procuradoria-Geral da República
Na denúncia, a PGR apontou que Bolsonaro e os outros réus cometeram cinco crimes:
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos)
  • Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos)
  • Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos)
  • Dano qualificado (pena de 6 meses a 3 anos)
  • Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos)
 
Link da reportagem: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/09/dino-vota-para-condenar-bolsonaro-e-mais-7-por-golpe-de-estado-placar-e-de-2-a-0.ghtml

terça-feira, 9 de setembro de 2025

JULGAMENTO DE BOLSONARO | VOTO DE ALEXANDRE DE MORAES

Moraes vota para condenar Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe Estado

Relator do processo penal contra o chamado núcleo crucial da trama golpista foi o primeiro a votar no julgamento na 1ª Turma do STF. Para Moraes, Bolsonaro liderou organização criminosa. Demais ministros ainda precisam votar.
 
Por Luiz Felipe Barbiéri, Reynaldo Turollo Jr, Márcio Falcão, Afonso Ferreira, Gustavo Garcia, g1 — Brasília
 
09/09/2025 14h09  Atualizado há 46 minutos


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado.
 
Moraes é o relator, na Primeira Turma da Corte, do processo penal contra o chamado núcleo crucial da trama golpista – parte de uma organização criminosa que tentou manter o ex-presidente no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 
Como relator, Moraes foi o primeiro a votar no julgamento. Os demais ministros – Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado – ainda precisam se posicionar.
 
Os tamanhos das penas ainda serão debatidos e definidos pelos magistrados. A expectativa é de que o julgamento seja concluído até a próxima sexta-feira (12).
 
O ministro votou pela condenação de todos os oito réus pelos seguintes crimes denunciados pela Procuradoria-Geral da República:
  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Tentativa de golpe de Estado
Nos crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, Moraes votou pela condenação de sete dos oito réus do núcleo crucial. A única exceção foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) – a ação contra o parlamentar por esses dois crimes foi suspensa por decisão da Câmara dos Deputados.
 
Além do ex-presidente, a Primeira Turma do STF também julga:
  • Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
Para Moraes, Jair Bolsonaro, que está preso em regime domiciliar, liderou a organização criminosa que tinha um projeto autoritário de poder e tentou impedir ou depor o governo eleito.
 
As provas, segundo Moraes
Ao longo do julgamento, Moraes listou o que para ele são provas "cabais" da tentativa de golpe.
 
O ministro descreveu uma sequência de atos, citou documentos e mensagens que, em sua visão, demonstram a existência de uma organização criminosa hierarquizada sob a liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro.
 
  • Live de julho de 2021
Em primeiro lugar, Moraes apontou a live de julho de 2021, quando Bolsonaro fez ataques sem provas às urnas eletrônicas. Para o relator, não foi apenas discurso político: “Todas as mentiras criminosas feitas na live eram disseminadas pelas milícias digitais. A live foi mais um ato executório”, disse.
 
  • Reunião ministerial em 2022
Outro ponto destacado foi a reunião ministerial de 5 de julho de 2022, encontrada no computador de Mauro Cid. O ministro classificou o encontro como uma “confissão” dos participantes.
 
“A reunião ministerial agravou a atuação contra o Estado Democrático de Direito. Tudo isso constou da minuta do golpe — prisões, fechamento do TSE, gabinete pós-golpe”, afirmou.
 
  • Reunião com embaixadores
A seguir, Moraes mencionou a reunião com embaixadores em 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada, quando Bolsonaro repetiu ataques às urnas diante de diplomatas estrangeiros.
 
“Essa reunião talvez entre para a história como um dos momentos de maior entreguismo nacional, preparatória para uma tentativa de retorno à posição de colônia brasileira, só que não mais em Portugal”, disse.
 
  • Ações da PRF
Também foram citadas as operações da PRF no segundo turno de 2022, em especial no Nordeste. Para Moraes, as abordagens não foram casuais.
 
“A cronologia comprova a ilicitude dessa conduta, liderada por Bolsonaro, com participação de Anderson Torres. Aqui a cronologia mostra o absurdo total e o desespero desse grupo criminoso”, declarou.
 
  • Plano Punhal Verde e Amarelo
Entre novembro e dezembro de 2022, segundo o ministro, avançaram planos concretos de ruptura. Moraes destacou o documento chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa a neutralização de autoridades.

“Se pretendia matar o presidente eleito da República. Não é possível banalizar esse retorno a momentos obscuros da nossa história. A prova é farta: o documento Punhal Verde e Amarelo foi impresso no Palácio do Planalto em 9 de novembro”, disse.
 
Nesse contexto, Moraes chamou atenção para o encontro do general Mário Fernandes com Bolsonaro logo após imprimir o plano.
 
“Não é crível achar que ele imprimiu, foi ao Alvorada, ficou uma hora e seis minutos com o presidente e fez barquinho de papel com o plano. Isso seria ridicularizar a inteligência do tribunal”, ironizou.
 
Outro elemento considerado crucial foi o áudio gravado por Mário Fernandes e enviado a Mauro Cid, no qual Bolsonaro teria anuído com a possibilidade de agir até a diplomação.
 
“Não há prova mais cabal além desse áudio. Todas as alegações do colaborador Mauro Cid foram confirmadas por reuniões, impressões dos planos e por esse registro patente da participação do líder da organização criminosa”, disse Moraes.
 
  • Minutas golpistas
O ministro também afirmou que não há dúvidas sobre a ligação de Bolsonaro com as minutas de decreto que previam prisão de ministros e intervenção no TSE.
 
“A organização já tinha decidido pelo golpe — só faltava definir os termos do golpe”, resumiu.
 
  • Atos violentos
Por fim, Moraes lembrou episódios violentos, como a bomba em caminhão no Natal de 2022, os ataques em 12 de dezembro e a invasão de 8 de Janeiro.
 
“Nós estamos esquecendo aos poucos que o Brasil quase voltou a uma ditadura que durou 20 anos, porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições”, disse o ministro.
 
Link da reportagem: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/09/moraes-vota-para-condenar-bolsonaro-e-outros-sete-reus-por-tentativa-de-golpe-de-estado.ghtml

BOLSONARO E A TRAMA DO GOLPE - Um julgamento inédito na história brasileira

A trama do golpe
Um julgamento inédito na história brasileira


Pela primeira vez, um ex-presidente da República senta no banco dos réus do Supremo Tribunal Federal acusado de crimes contra a democracia.
 
Jair Bolsonaro (PL) é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o líder de uma organização criminosa armada que tentou subverter o resultado das urnas, dar um golpe de Estado e se manter no poder mesmo com a derrota nas eleições de 2022.
 
Ao seu lado, outros sete acusados (civis e militares de alta patente) enfrentam o mesmo julgamento. Todos os denunciados negam participação na tentativa de golpe.
 
“Um chefe de Estado detém uma capacidade singular de influenciar a opinião pública e mobilizar parcelas da sociedade. Dessa forma, suas declarações, especialmente quando hostis e desprovidas de base factual, transcendem o campo da crítica legítima e adquirem caráter de incitação e de desestabilização da democracia.” [Paulo Gonet]
 
Segundo a Procuradoria, Bolsonaro liderou o núcleo crucial do golpe de estado, voltado a desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições democráticas e articular medidas de exceção. O ex-presidente, afirma a PGR, era o principal beneficiário dessa organização.
 
Os 5 crimes pelos quais Bolsonaro responde



2021
Segundo a PGR, a escalada golpista começa em julho de 2021.

JULHO DE 2021
Live com fake news sobre urnas
No dia 29, Bolsonaro aparece em uma transmissão ao vivo ao lado do então ministro da Justiça, Anderson Torres, para apresentar supostos indícios de fraude nas eleições — acusações baseadas em informações falsas, fornecidas pelo então chefe da Abin, Alexandre Ramagem.


SETEMBRO DE 2021
'NÃO MAIS CUMPRIRÁ' ORDENS DO STF
Pouco mais de um mês depois da live contra as urnas, as comemorações da Independência no 7 de setembro viram palco de ataques diretos ao STF.
 
Em Brasília e São Paulo, Bolsonaro ameaça o ministro Alexandre de Moraes – que havia determinado a prisão de bolsonaristas em investigação sobre atos antidemocráticos – e insinua ruptura institucional. A Polícia Federal descreve o uso de ''modus operandi de milícia digital'' para amplificar o discurso.
 
''Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o seu povo. Mais do que isso, nós devemos, sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais.''
Jair Bolsonaro, em discurso na Avenida Paulista


2022
Reunião ministerial e com embaixadores.

5 DE JULHO
Em reunião ministerial, Bolsonaro discute estratégias para impedir a vitória do PT. O vídeo do encontro foi achado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro durante o governo.


O general Augusto Heleno fala em virar a mesa antes das eleições, e Bolsonaro é explícito: ''Vai ter um caos no Brasil se o PT vencer.''


18 DE JULHO
Bolsonaro reúne embaixadores no Palácio da Alvorada para repetir acusações sem provas sobre o sistema eletrônico de votação.
 
Após 1º turno: sem fraude comprovada
Em 4 de outubro, dois dias após o 1º turno, o tenente-coronel Mauro Cid troca mensagens com o coronel Sérgio Cavalieri, militar acusado de participar do núcleo que espalhou fake news sobre o sistema eleitoral.
 
Cid confirma que não houve fraude, mas segundo a PF a narrativa pública contrária ao sistema é mantida com a utilização de influencers, militares e o Partido Liberal (PL).


No 2º turno, PRF dificulta votação no Nordeste
A PGR afirma que, no 2º turno da eleição, a organização criminosa voltou a agir para prolongar a permanência de Bolsonaro no poder.
 
Regiões onde Lula teve mais votos no 1º turno foram mapeadas, e a Polícia Rodoviária Federal foi acionada para dificultar o acesso às urnas.


Minuta do golpe 'dentro das quatro linhas' e plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

1º DE NOVEMBRO
Começam os acampamentos golpistas em frente a quartéis, com faixas pedindo intervenção militar e prisão de ministros do STF.


O general Mário Fernandes, então secretário-executivo da Presidência, visita acampamento em Brasília e tira selfies no local. Os registros se repetem ao longo dos dias. Mauro Cid orça custos para levar mais manifestantes para os acampamentos.
 
9 DE NOVEMBRO
No Planalto, o general Mário Fernandes produz o documento Punhal Verde e Amarelo, que detalha plano para sequestrar ou matar Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin.


12 DE NOVEMBRO
Militares se reúnem na casa de Braga Netto para discutir o assassinato de autoridades.
 

19 DE NOVEMBRO
Uma minuta de decreto prevendo novas eleições e a prisão de ministros do STF é apresentada a Bolsonaro, que pede ajustes. Versões do documento foram encontradas na sala de Bolsonaro no PL e na casa de Torres.
 

CERCO A MORAES
Integrantes do grupo do Exército visitam locais descritos na operação para matar autoridades, como a região do apartamento do ministro Alexandre de Moraes, e monitoram a agenda do ministro.


22 DE NOVEMBRO
PL pede anulação dos votos do 2º turno, sem apresentar prova nenhuma; Moraes aplica multa de R$ 23 milhões.
 
26 DE NOVEMBRO
A PF relata que Mauro Cid ajusta o teor e a forma de divulgação da carta golpista.


Em troca de mensagens, Cid é questionado, por um militar que chama Bolsonaro de '01', se o então presidente sabia do conteúdo e responde que sim.
 
Em depoimento à PF, dentro de um acordo de delação premiada, Mauro Cid também foi perguntado se Bolsonaro sabia da minuta e fez que sim com a cabeça. Cid afirmou também que viu o ex-presidente editando o documento.
 
6 DE DEZEMBRO
No Planalto, Mário Fernandes imprime o plano de assassinato. Bolsonaro e Mauro Cid estavam no palácio no mesmo horário.


7 DE DEZEMBRO
Bolsonaro apresenta minuta de decreto golpista ao ministro da Defesa e aos comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Marinha, Almir Garnier.
 
O texto previa estado de sítio ''dentro das quatro linhas'' da Constituição. O termo era usado com frequência por Bolsonaro para tentar dar ares de legalidade aos atos dele de ataque ao Estado democrático de Direito.
 

Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram firmemente contra a proposta e se recusaram a assinar o documento. Segundo a PF, a trama golpista não foi adiante por falta desse apoio.
 

Em depoimento ao STF, em maio de 2025, o então comandante da Aeronáutica confirmou que Bolsonaro participou do plano para permanecer no poder e disse que o então chefe do Exército ameaçou prender Bolsonaro se continuasse com o golpe de estado.
 
9 DE DEZEMBRO
Em live, o presidente rompe o silêncio:
 
"E hoje estão vivendo um momento crucial. Uma encruzilhada. Um destino que o povo tem que tomar. Quem decide o meu futuro, pra onde eu vou são vocês! Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês!"
Jair Bolsonaro
 
No dia seguinte, o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, divulga nota dizendo que ''embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas''. Segundo a PF, o relatório foi divulgado com atraso a pedido de Bolsonaro.
 
Operação para prender ou matar Moraes
 
Celulares que integrariam o grupo da operação batizada de Copa 2022 se deslocam. Um deles passa por ''locais de interesse da ação'', segundo a PF, incluindo a residência funcional do ministro Alexandre de Moraes.
 

Ao menos 6 integrantes 'Kids Pretos' — militares de elite do Exército — se posicionaram em vários pontos de Brasília. De acordo com a investigação, a operação foi abortada porque a cúpula do Exército não aderiu ao golpe e a sessão do STF no dia 15 acabou mais cedo.
 
Braga Netto manda pressionar chefe do Exército: 'Oferece a cabeça dele. Cagão'
A pressão sobre o comandante do Exército continua, Braga Netto orienta Ailton Gomes a assediar o comandante do Exército, general Freire Gomes: ''Oferece a cabeça dele. Cagão'', dizia a troca de mensagens.
 
A trama inclui ainda o documento ''Operação 142'', que previa anulação das eleições, substituição do TSE e prorrogação de mandatos.
 

Bolsonaro não passa faixa para Lula
Em 30 de dezembro, Bolsonaro embarca para a Flórida, evitando passar a faixa presidencial.
 
2023
Posse de Lula e desfecho do plano golpista.
 
1º DE JANEIRO DE 2023
Lula toma posse diante de centenas de milhares de pessoas em Brasília.
 
8 DE JANEIRO DE 2023
STF, Planalto e Congresso são invadidos.
 
Na tarde de domingo, milhares de golpistas invadem o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF. Eles quebraram vidraças, destruíram obras de arte e saquearam gabinetes.
 
A pauta era a mesma: intervenção militar e contestação do resultado eleitoral.
 

O comportamento de Jair Bolsonaro nas redes sociais, no dia 8 de janeiro de 2023, não altera a realidade de que foi o principal responsável pela contínua radicalização e pela criação do ambiente que possibilitou a explosão de violência naquele dia. Suas posturas ambíguas e sua ausência de ação concreta para conter os ânimos inflamados por ele próprio são indícios claros de sua contribuição para a escalada de violência. [Paulo Gonet]
 
Segundo o Ministério Público, os ataques de 8 de janeiro não foram um ato isolado, mas o desfecho de um plano gestado ao longo de dois anos, com articulação política, militar e digital para derrubar a democracia brasileira.
 
Para a PGR, as ações de Jair Messias Bolsonaro não se limitaram a uma postura passiva de resistência à derrota, mas configuraram uma articulação consciente para gerar um ambiente propício à violência e ao golpe.
 
2025
Bolsonaro preso em casa
Um mês antes do início do julgamento no STF, Bolsonaro passou a cumprir prisão domiciliar por tentativa de dificultar o andamento do processo que investiga o golpe de estado.
 
O ex-presidente e o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foram indiciados pela PF por coação.
 
O que dizem os réus
 
Jair Bolsonaro
Afirma que a acusação da PGR é ''absurda e alternativa'', sem provas que o liguem a planos golpistas ou aos atos de 8 de janeiro. Sustenta que houve uma transição regular de governo, que ele não alterou a minuta do golpe nem apresentou documentos golpistas em reuniões, e que suas críticas ao sistema eleitoral se limitaram a opiniões políticas.
 
General Paulo Sérgio Bezerra
Nega ter atrasado o relatório das Forças Armadas e afirma que tentou, com outros comandantes, dissuadir Bolsonaro de atitudes radicais, chegando a propor um discurso de reconhecimento da derrota eleitoral.
 
Almirante Almir Garnier
Rebate a acusação de ter disponibilizado tropas para um golpe, destacando contradições em depoimentos de outros comandantes. Afirma que não houve qualquer ato de execução e que não participou de organização criminosa.
 
General Augusto Heleno
Nega envolvimento em tentativa de ruptura institucional, alegando falta de provas que o liguem a planos de golpe. Afirma que sua atuação foi apenas ''acessória e periférica'', pois já tinha pouca influência política.
 
Anderson Torres
Nega ser autor da ''minuta do golpe'' e afirma que a presença do documento em sua casa não tem relevância penal. Rejeita a acusação de divulgar informações falsas sobre o sistema eleitoral ou de ter direcionado a PRF no 2º turno, citando testemunhos favoráveis. Alega ainda que o caso deveria tramitar na 1ª instância, por não possuir foro privilegiado.
 
Alexandre Ramagem
Nega ter orientado Bolsonaro em ataques ao sistema eleitoral ou usado indevidamente a Abin. Afirma nunca ter integrado organização criminosa e sustenta que a radicalização ocorreu após sua saída do governo, quando foi eleito deputado.
 
Link da reportagem: https://g1.globo.com/politica/julgamento-bolsonaro-no-stf-trama-do-golpe/