Fundação Mundial do Pulmão afirma que companhias criam obstáculos para o combate ao fumo
LONDRES - As mortes relacionadas ao tabaco praticamente triplicaram na última década e as grades empresas estão criando obstáculos para esforços públicos que poderiam reduzir este índice, informou a Fundação Mundial do Pulmão em um relatório divulgado nesta quarta-feira, 21.
No documento, que celebra o 10º aniversário do seu primeiro Atlas do Tabaco, a fundação e a Sociedade Americana do Câncer afirmaram que, se continuarem as tendências atuais, um bilhão de pessoas morrerão somente neste século por causa do consumo de tabaco e da exposição e ele - o que corresponde a uma pessoa a cada seis segundos.
O tabaco matou 50 milhões de pessoas nos últimos dez anos e é responsável por mais de 15% de todas as mortes de homens adultos e por 7% das mulheres, segundo dados do novo Atlas do Tabaco. Na China, o fumo é a principal causa de morte, com 1,2 milhões ao ano, o que deve piorar ainda mais em 2030, o índice subirá a 3,5 milhões de pessoas ao ano.
Michael Eriksen, um dos autores do relatório, afirma que se não houver ações, o futuro reservará projeções ainda piores. "O número de pessoas que morrem por causa do tabaco está crescendo em países em zonas de desenvolvimento, particularmente na Ásia, na África e no Oriente Médio", detalhou.
Quase 80% das pessoas que morrem de doenças relativas ao fumo são de países onde há grande quantidade de população de baixa renda. Na Turquia, 38% das mortes de homens adultos decorre por causa do cigarro, embora o tabaco também seja a principal causa de morte entre as mulheres nos Estados Unidos.
O presidente-executivo da Fundação Mundial do Pulmão, Peter Baldini, acusou a indústria do tabaco de aproveitar a ignorância sobre o verdadeiro efeito do produto e a "desinformação para minar as políticas de saúdes que poderiam salvar milhões de vida".
Segundo o relatório, a indústria intensificou sua luta contra as políticas antitabaco, movendo ações legais e atrasando ou detendo a introdução de maços sem rótulos, a proibição do consumo do cigarro em lugares públicos, a proibição da publicidade e as advertências sanitárias nos pacotes dos produtos.
As seis principais fabricantes de produtos de tabaco do mundo tiveram lucros de US$ 35,1 bilhões em 2010, o equivalente ao faturamento da Coca-Cola, da Microsoft e do McDonald's juntos, de acordo com o Atlas.
Mais de 170 países assinaram um pacto de 2003 da Organização Mundial da Saúde (OMS) se comprometendo a reduzir as taxas de fumantes, limitar a exposição dos fumantes passivos e frear a publicidade e a promoção de produtos de tabaco.
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