quarta-feira, 17 de abril de 2013

Três evidências de que Feliciano está fortalecido na Comissão


A renúncia de Feliciano, que se avizinhava no começo da crise na CDH, parece cada vez mais improvável. Razão é simples: a oposição não sabe o que fazer e apoio a ele aumenta.

São Paulo – O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) já passou por inúmeros sobe-e-desce desde que foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, no dia 7 de março.

Mas se sua saída já foi apontada como iminente, a situação do pastor agora pode ser considerada, de certa forma, mais estável e segura.
Baixada a poeira da pressão nas ruas (que ainda continua), das petições na internet e da própria pressão política exercida pelos outros deputados, vê-se que nada foi capaz de tirá-lo de lá.
E, para desgosto dos movimentos ligados aos direitos humanos, pelo menos três evidências nesta semana apontam para um Feliciano fortalecido na presidência da comissão, após passar por todo o tipo de intempéries que poderiam ter sido fatais ao cargo, como as revelações de vídeos com falas desastradas e a existência de processos no STF.
Veja quais são elas.

1) A Câmara desistiu de tirá-lo de lá
Quando a temperatura na comissão atingia o ponto de ebulição, em meados de março, o relativamente novato presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) quis fazer uma demonstração de força política e comprou a briga pela imagem institucional da Casa.
Disse que a situação de Feliciano era “insustentável” e garantiu que tudo seria resolvido até o dia 26 do mês passado, em uma reunião de líderes preparada especialmente para limar Feliciano da cadeira.
O encontro foi atrasado em duas semanas e ocorreu ontem. O tom autoconfiante e de confronto desapareceu da fala do homem que comanda a “Casa do Povo”.
“Regimentalmente, estou como presidente no meu limite. Mais do que isso, eu não posso fazer”, reconheceu Alves.
No jogo de toma lá dá cá da Câmara, chegou-se a mencionar na reunião que Feliciano poderia ir para outra Comissão. Ele não só não quis, como ainda emparedou o PT ao dizer que só sai se dois deputados condenados pelo mensalão, João Paulo Cunha e José Genoíno  deixem outra Comissão, a de Constituição e Justiça.
Feliciano só fez uma concessão: reabriu as sessões da CDHM, que havia fechado ao público.
2) O partido agora o apoia (com pretensões presidenciais)
Nos bastidores, os nomes fortes do PSC foram bastante pressionados a convencer Feliciano a deixar o cargo.
O líder do partido na Câmara chegou a prometer uma solução há duas semanas – no caso, a renúncia do pastor.
“O partido não pode tomar uma posição só pela Casa, é preciso ouvir as ruas, a sociedade”,chegou a dizer, em reconhecimento que a situação era ruim.
Mas o fato é que o PSC percebe hoje que a polêmica tem lhe rendido frutos e pressionar Feliciano começa a ser prática do passado. Parte do eleitorado vê a situação do pastor como uma defesa intransigente e necessária da família brasileira.
O partido, inclusive, alimenta o desejo de ter um candidato à presidência em 2014. Além do vice-presidente da sigla, Everaldo Pereira, o próprio Marco Feliciano, que já havia se oferecido à vaga no ano passado, é um nome forte.
3) Cresce apoio do eleitorado e de forças religiosas
Embora não se possa dizer que a forte oposição a Feliciano tenha diminuído nos últimos dias – os protestos e notas de repúdio continuam – o fato é que as manifestações de apoio já agem como uma espécie de contrabalanço para a situação do deputado, que já teve de pedir ajuda aos fiéis, como mostra o vídeo abaixo.
O material foi gravado em um culto no dia 28 de março.
“Eu tenho aprendido a respeitar meus inimigos. Eles não têm vergonha de ir para o meio da rua se expor, por mais sujo e nojento que seja o ato, eles acreditam que aquilo é o certo. É muito fácil alguém falar que está orando por mim. Queria ver ter coragem de ir para o meio da rua”, disse.
Os apelos de Feliciano surtiram efeito: na Câmara, por exemplo, as sessões da Comissão de Direitos Humanos têm hoje tanto manifestantes contrários quanto a favor do pastor.
O próprio apoio da comunidade evangélica, mais tímido inicialmente e contando inclusive com algumas vozes opositoras, começa agora a ganhar força.
Na noite de ontem, a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), que reúne 24 mil pastores em Brasília, segundo a organização, aprovou uma moção de apoio.
O documento será encaminhado à presidente Dilma Rousseff e ao presidente da Câmara, Henrique Alves.
Com todas essas evidências, o destino de Feliciano à frente da Comissão ainda pode trazer surpresas e reviravoltas. Neste momento, no entanto, sua permanência parece mais fortalecida que há alguma semanas. E ele também mostra que está mais cauteloso.
"Para o bem e bom andamento da Casa eu disse que, nos cultos, não toco mais em assunto de política. Culto é lugar de falar de Jesus Cristo”, promete de agora em diante.
Fonte: Marco Prates - Revista Exame

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