> Estrela de Davi (em português
brasileiro) ou Estrela de David (em português europeu) (em hebraico: מגן דוד,
transl. Magen David), conhecida também como escudo supremo de Davi (David), é
um símbolo em forma de estrela formada por dois triângulos sobrepostos, iguais,
tendo um a ponta para cima e outro para baixo, utilizado pelo judaísmo e por
seus adeptos, além de outras doutrinas como Santo Daime. Outro nome dado a este
símbolo é "Selo de Salomão".
> A palavra ‘magen’ significa escudo,
broquel, defesa, governante, homem armado.
Logo, refere-se a um objeto que proporciona cobertura e proteção ao
corpo durante um combate.
> No Hinduísmo, cada ângulo representa um
deus da trindade: Brahma, Vishnu e Shiva, respectivamente, o Criador,
Preservador e Destruidor.
ORIGEM
De acordo com a tradição judaica, este
símbolo era desenhado ou encravado sobre os escudos dos guerreiros do exército
do rei Davi. Esta tradição teve origem no fato de o nome hebraico para Davi
(pronunciado David) ser escrito originalmente por três letras do alfabeto
hebraico - Dalet, Vav e Dalet. Estas duas letras Dalet tinham uma forma
triangular no alfabeto hebraico usado até então, uma variação do alfabeto
fenício, conhecido como proto-hebraico. Estas duas letras então eram encravadas
nos escudos dos soldados uma sobreposta a outra, formando uma espécie de
estrela. Apesar de ser uma explicação plausível, carece de provas históricas ou
arqueológicas para a provar.
A forma atual do Escudo de Davi já aparecia
em diversas culturas do extremo oriente há milhares de anos, só nas últimas
centenas de anos que mudou para um símbolo puramente judaico.
Este símbolo apareceu primeiramente ligado
aos judeus já na Era do Bronze - no século IV a.C. - num selo judaico achado na
cidade de Sidon. Também aparece em muitas sinagogas antigas na terra de Israel
datadas da época do Segundo Templo e até mesmo em algumas depois de sua
destruição pelos romanos. Não lhe era dado, ao menos aparentemente, um
significado tão especial ou místico, mas ornamental, assim como muitas Estrelas
de Davi foram achadas ao lado de “Escudos de Salomão” (estrelas de cinco pontas
ou pentagramas) e, curiosamente, ao lado de suásticas. Um exemplo é o friso da sinagoga
de Cafarnaum (século II ou III da era cristã) e uma lápide (ano 300 da era
cristã), encontrada no sul da Itália. Apesar disso, a Estrela de Davi não
aparece entre os símbolos judaicos mais importantes do período helenístico.
O testemunho mais antigo deste emblema na
literatura judaica é mostrado no livro do sábio caraíta Yehudah ben Eliahu
Hadasi, que viveu no século XII, em seu livro “Eshkol Hakofer”. No capítulo
242, ele expõe costumes de pessoas do povo que aos poucos foram mudando o
símbolo do Escudo de Davi de um simples selo para um tipo de signo místico ou
amuleto: “e os sete anjos naMezuzá foram escritos - Miguel e Gabriel [...] o
Eterno irá guardar-te e este símbolo chamado Escudo de Davi é escrito em todos
os anjos e no final da Mezuzá...”. Assim sendo, já naquela época, este símbolo
tinha um caráter místico, sendo freqüentemente gravado como uma forma de
amuleto, protetor.
A identificação efetiva da Estrela de Davi
com o Judaísmo começou na Idade Média. Em 1354, o rei Carlos IV (Karel IV) concedeu
o privilégio à comunidade judaica de Praga de ter sua própria bandeira. Os
judeus confeccionaram, num fundo vermelho, um hexagrama, a Estrela de Davi, em
ouro. Documentos referem-se a este símbolo como sendo a “bandeira do rei Davi“.
Em Praga, a estrela de seis pontas – sempre chamada de “Maguen David” – passou
a ser usada tanto em sinagogas, como no selo oficial da comunidade e em livros
impressos. No século XIX, difundiu-se o símbolo da Estrela de Davi também nos
carimbos de judeus e sobre cortinas das Arcas Santas das sinagogas.
Junto com parte dos judeus devotos,
expandiu-se a alegação de que a origem do símbolo da Estrela de Davi estava
diretamente ligada às flores que adornavam a Menorá - candelabro de sete braços
que fazia parte dos objetos do Templo em Jerusalém – feitas numa forma de
relevo de lírios de seis pétalas, que faziam uma silhueta parecida com a forma
da Estrela de Davi. Entre os que crêem nesta suposta origem do famoso símbolo,
há uma interpretação que a Estrela de Davi foi feita diretamente pelas mãos do
próprio Deus de Israel.
AS DIFERENTES INFLUÊNCIAS DO SÍMBOLO
Existem intérpretes que argumentam que o
lírio branco é composto por seis pétalas num estilo parecido com a Estrela de
Davi. De fato, esta é a flor que é identificada com o povo de Israel no livro
bíblico de Cântico dos Cânticos.
Há pensadores que viram no conceito de
“Estrela de Davi” e nos dois triângulos que a compõem uma ligação ou conexão
com o elemento macho (o triângulo com a ponta voltada para cima, constituindo o
símbolo masculino) e com o elemento fêmea (o triângulo voltado para baixo,
constituindo a forma de um receptáculo). Há os que viram neste símbolo a
relação entre o elemento celestial que aspira para a terra seu poder (o
triângulo com a ponta para baixo), contra o elemento terrestre que aspira para
o céu sua influência (o triângulo que aponta para cima). Outros pensadores
argumentaram que a Estrela de Davi constituída por seis pontas representaria o
domínio celestial sobre os quatro ventos, sobre o que está em cima e sobre o
que está embaixo na terra.
De acordo com a Cabala (mística judaica), a
Estrela de Davi insinua a representação das sete emanações divinas (sefirot)
inferiores. Cada triângulo dos seis triângulos que formam os lados da estrela
representariam uma emanação e o centro dos triângulos maiores sobrepostos da
Estrela de Davi representariam a emanação denominada Malchut. O filósofo Franz
Rosenzweig deu uma outra interpretação muito peculiar à Estrela de Davi, quando
afirmou que um dos triângulos constituintes do símbolo seria a representação da
base de focos que caracterizam o pensamento do mundo – Deus, o homem e o mundo.
Obviamente, havia filósofos que não criam na existência de Deus, de um mundo
metafísico ou de uma humanidade separada do mundo real, mas ainda estes focos
constituíam, na sua opinião, a base da filosofia de sua geração. O outro
triângulo representaria, na sua cogitação, a posição do Judaísmo nestes
assuntos. Num nível bem básico, o Judaísmo se ocuparia na reflexão sobre as
relações que existem entre estes fatores, no tocante aos três fundamentos
principais do Judaísmo, na opinião de Rosenzweig: a Criação (a relação entre
Deus e o mundo), a revelação (a relação entre Deus e o homem) e a redenção (a
relação entre o homem e o mundo).
USOS DO SÍMBOLO
Durante a Alemanha nazista, os judeus que
estavam aprisionados em campos de concentração possuiam a "estrela dos
judeus" costurada em sua camisa. Dentro da estrela de Davi, ficava escrita
a palavra "Jude", que em alemão significa "Judeu". O símbolo
era usado para facilitar a identificação dos Judeus.
Depois do estabelecimento do Estado de
Israel, quando não foi aceite a proposta de Herzl no tocante de uma bandeira
com sete estrelas e outra idéia de uma com sete Escudos de Davi, o Conselho do
Estado Provisório aceitou a decisão do comitê de uma outra proposta de um
símbolo e de uma bandeira, confirmados em 28 de outubro de 1948. E assim mudou
a estrela de Davi de um simples símbolo judaico ornamental para o nível de
símbolo supremo do recém estabelecido Estado judeu, sendo parte central da
bandeira da nação, tendo por cima e por baixo dela duas faixas azul-celestes.
Porém, os cidadãos árabes do novo Estado argumentaram que não se identificavam
com uma bandeira que era composta unicamente por símbolos judaicos – a Estrela
de Davi e uma representação, por meio das duas faixas azuis, do xale de orações
judaico (chamado em hebraico de Talit). Os participantes do grupo Naturê Karta
também pararam de usar a Estrela de Davi depois deste evento, argumentando que
este era um símbolo que representava um Estado sionista.
De maneira semelhante a como são
representadas organizações como a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, usando
símbolos de destaque de suas religiões, a organização israelita de ajuda humanitária
e médica, denominada Escudo de Davi Vermelho (em hebraico Maguen David Adom), é
representada – como o próprio nome já diz - por uma estrela de Davi vermelha
como símbolo oficial. Esta organização de pronto-socorro médico, porém, não
alcançou ainda um reconhecimento oficial internacional como as suas
correspondentes nos países cristãos ou muçulmanos.
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