TRABALHO DE LIBRAS
Trabalho Acadêmico ao Centro
Universitário Augusto Motta – UNISUAM, como requisito parcial para obtenção de
aprovação da Disciplina de Libras, sob orientação da Professora Maria Cristina
Oliveira.
FRANCALINA FERNANDES DE
MEDEIROS
HELAINE MAIA PINTO
GENILDO RODRIGUES DO
NASCIMENTO MOTA
LUÍS FELIPE RODRIGUES
PAULO JORGE GONÇALVES DA SILVA
RAPHAEL PAIVA PERES DA SILVA
RENATA FÉLIX DA CONCEIÇÃO
RIO DE JANEIRO
2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....04
1 UMA RÁPIDA PASSAGEM ANTE DO
INES.....05
2 ANOS DE CONQUISTAS, ANOS DE
DERROTAS.....07
3 O DIA DO
SURDO.....09
4 MODALIDADES DE
ENSINO.....12
5
LEGISLAÇÃO.....13
CONCLUSÃO.....16
BIBLIOGRAFIA.....17
INTRODUÇÃO
No decorrer da História -
independente de circunstâncias, independente de local, países, cidades grandes
ou cidades pequenas - as Políticas Públicas não são efetuadas como previstas em
Lei e, como sempre, quem sofre com isto, é a população carente, sem recursos,
que depende da “esmola” que o Governo por politicagem faz. São promessas e mais
promessas feitas em toda Campanha Eleitoral para Educação e para Saúde. E
nenhum político realmente faz algo em prol da população. Não queremos dizer que
todos sejam corruptos. Sim! Existe a corrupção escancarada na Política
Brasileira. Mas, além disso, quem entra e quer fazer algo para mudar a
situação, vai ‘contra a correnteza’, logo, ou entra no esquema de corrupção ou
fica sentada e calado.
Se a Educação dita “normal” -
para pessoas sem deficiência - está corrompida, imagina para as pessoas que
possuem alguma necessidade especial. Neste trabalho falamos sobre a longa e
dura caminhada de pessoas surdas-mudas. Neste mostramos as dificuldades que
estas pessoas enfrentaram para conseguir algum ‘lugar ao sol’. Analisamos a
criação do INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos – e destacamos,
também, o ‘Dia do Surdo’.
Vale ressaltar que os
componentes deste trabalho são da Faculdade de Licenciatura Plena em História,
logo, também abordamos rapidamente Sócrates, Idade Média, Idade Moderna e Idade
Contemporânea, até chagarmos a D. Pedro II. Passamos pelo Congresso de Milão,
onde a Língua de Sinais é proibida. Analisamos também as Modalidades de Ensino:
língua oral, língua sinalizada, Comunicação total e Bilinguismo. E fechamos o
trabalho com a ainda fraca Legislação.
CAPÍTULO 1 UMA RÁPIDA PASSAGEM
ANTES DO INES
Sócrates perguntou ao seu
discípulo Hermógenes: “Suponha que nós não tenhamos voz ou língua, e queiramos
indicar objetos um ao outro. Não deveríamos nós, como os surdos-mudos, fazer
sinais com as mãos, a cabeça e o resto do corpo?” Hermógenes respondeu: “Como
poderia ser de outra maneira, Sócrates?” (Cratylus de Plato, discípulo e
cronista, 368 a.C.).
Na Idade Média, os surdos eram
sujeitos estranhos e objetos de curiosidades da sociedade; era proibido a eles
receber a comunhão; existiam leis que proibiam os surdos de receberem heranças,
de votar e, enfim, de usufruírem de todos os direitos como cidadãos.
Já na Idade Moderna o monge
beneditino Pedro Ponce de Leon (1510- 1584), defendeu o direito à herança. Fray
de Melchor Yebra, de Madrid, escreveu livro chamado “Refugium Infirmorum”, que
descreve e ilustra o alfabeto manual da época. Samuel Heinicke (1729-1790),
“Pai do Método Alemão” – Oralismo puro – iniciou as bases da filosofia
oralista, onde um grande valor era atribuído somente à fala, na Alemanha, tendo
fundado em 1778 a primeira escola de oralismo puro em Leipzig, inicialmente com
9 alunos surdos.
Quando entramos na Idade
Contemporânea, devemos ressaltar o papel de Abade Charles Michel de L’Epée
(1712-1789). Em Paris, conheceu duas irmãs gêmeas surdas que se comunicavam
através de sinais, iniciando e mantendo contato com os surdos carentes e humildes,
procurando aprender seu meio de comunicação e levando a efeito os primeiros
estudos sérios sobre a língua de sinais. Fundou a primeira escola pública para
os surdos “Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris” e ensinou inúmeros
professores para surdos. Seu legado foi a fundação de 21 escolas para surdos na
França e na Europa.
Em 1802 nos Estados Unidos,
Jean Marc Itard, afirmava que o surdo podia ser treinado para ouvir palavras,
ele foi o responsável pelo clássico trabalho com Victor, o “garoto selvagem” (o
menino que foi encontrado vivendo junto com os lobos na floresta de Aveyron, no
sul da França). Esta história tornou-se filme no ano de 1970. O filme “O garoto
selvagem” é um filme francês de 1970, do gênero drama, dirigido por François
Truffaut e baseado no livro de Jean Itard, um médico francês que se torna
responsável pela educação de uma criança selvagem.
Em 1864 foi fundada a primeira
universidade nacional para surdos “Universidade Gallaudet” em Washington –
Estados Unidos, um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo filho do
mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917).
Alexander Melville Bell
(1847-1922): professor de surdos, o pai do inventor de telefone, Alexander
Grahan Bell. Inventou um código de símbolos chamado “Fala vísivel” ou
“Linguagem vísivel”, sistema que utilizava desenhos dos lábios, garganta,
língua, dentes e palato, para que os surdos repetissem os movimentos e os sons
indicados pelo professor.
CAPÍTULO 2 ANOS DE CONQUISTAS,
ANOS DE DERROTAS
Em 1855 Eduardo Huet, como
professor surdo, com experiência de mestrado e cursos em Paris, chega ao Brasil
sob licença do imperador D.Pedro II, com a intenção de abrir uma escola para
pessoas surdas. No dia 26 de setembro de 1857 foi fundada a primeira escola
para surdos no Rio de Janeiro – Brasil, o “Imperial Instituto dos
Surdos-Mudos”, hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos” (INES),
tornando-se este dia o ‘Dia do Surdo’.
Em 1875, um ex-aluno do INES,
Flausino José da Gama, aos 18 anos, publicou “Iconografia dos Signaes dos
Surdos-Mudos”, o primeiro dicionário de língua de sinais no Brasil.
Em 1880 é realizado o
Congresso Internacional de Surdo-Mudez, em Milão – Itália, no qual o método
oral foi votado o mais adequado a ser adotado pelas escolas de surdos e a
língua de sinais foi proibida oficialmente. A alegação foi a de que a mesma
destruía a capacidade da fala dos surdos, também argumentando que os surdos são
“preguiçosos” para falar, preferindo usar a língua de sinais. Na ocasião de
votação, durante a assembleia geral realizada no congresso, todos os
professores surdos foram proibidos de votar e excluídos. Dos 164 representantes
presentes ouvintes, apenas 5 dos Estados Unidos votaram contra o oralismo puro.
Ainda que seja uma tradição
mencionar seu caráter decisivo, o Congresso de Milão, de 1880 – onde os
diretores das escolas para surdos mais renomadas da Europa propuseram acabar
com o gestualismo e dar espaço à palavra pura e viva, à palavra falada – não
foi a primeira oportunidade em que se decidiram políticas e práticas similares.
Essa decisão já era aceita em grande parte no mundo inteiro. (SKLIAR, 1998,
P.16)
Outro fato histórico que
merece destaque é a história de vida de Helen Keller, que proporcionou a
ampliação de conhecimento sobre a educação de criança surdas e cegas
(surdocegueira). Helen Keller ficou surda e cega aos 2 anos de idade em
consequência de febre alta. Ela se tornou uma menina revoltada. Destruía tudo o
que lhe caia às mãos, recusava-se a comer direito e a se deixar vestir, pentear
e lavar. Então os pais, desesperados, procuraram ajuda e foi-lhes indicada a
professora especializada que se tornou muito importante na vida de Helen: Anne
Sullivan. Helen Keller obteve graus universitários e publicou trabalhos
autobiográficos e artigos diversos. Ela lutou para difundir os métodos de
ensino aos surdos-cegos e pela aceitação das pessoas como ela pela sociedade.
Assim sua corajosa conquista serviu de exemplo e inspiração aos surdos-cegos.
Em 1962 é feito o filme “O Milagre de Anne Sulllivan”, do gênero drama,
dirigido por Arthur Penn, baseado nesta história.
Vale ressaltar algumas datas:
1977 - FENEIDA (Federação
Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos).
1987 - FENEIS (Federação
Nacional de Educação e Integração dos Surdos) no Rio de Janeiro – Brasil, sendo
que a mesma foi reestruturada da antiga ex-FENEIDA. http://www.feneis.org.br
1994 - Foi fundada a CBDS,
Confederação Brasileira de desportos de Surdos, em São Paulo – Brasil.
1996 - Lei Municipal N° 7.857
(30/09/1996) – Porto Alegre. A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou a lei e
a língua de sinais oficializada.
1999 - Lei Estadual N° 11.405
(31/12/1999) – Rio Grande do Sul. O governo do Estado do Rio Grande do Sul
aprovou essa lei que reconhece a Libras como meio de comunicação para os
surdos.
2002 - Lei Federal N° 10.436
(24/04/2002) – Brasil. Essa lei oficializou a Libras no Brasil.
2002 - Formação de agentes
multiplicadores para o ensino de Libras em Contexto, MEC/Feneis.
2006 – Curso de Graduação em
Letras/libras, com a coordenação da Universidade Federal de Santa Catarina e
com a participação de 9 (nove) pólos, situados em diferentes estados
brasileiros.
2008 – Curso de graduação em
Letras/Libras, licenciatura e bacharelado, coordenado pela Universidade Federal
de Santa Catarina, sendo a UFRGS em Porto Alegre, um dos pólos. No total há 15
pólos, em diferentes cidades brasileiras.
CAPÍTULO 3 O DIA DO SURDO
O mês de setembro é um mês
especial para a Comunidade Surda, visto que comemoramos o Dia do Surdo. Durante
todo o mês setembro são realizados diversos eventos, tais como: festas dos
alunos surdos, seminários, palestras, apresentações teatrais, passeatas,
audiências públicas, exposições, caminhada, encontro dos Surdos etc. em todas
as cidades do Brasil. A Comunidade Surda chama de "Setembro Azul", a
data para a comemoração do Dia do Surdo é dia 26 de setembro, foi reconhecido e
assinado pelo Ex-Presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva com o número de
Lei Nº 11.796 de 29 de outubro de 2008.
Internacionalmente também se
comemora o dia dos surdos, ele é datado de 30 de setembro, a comemoração é
chamada de "Dia Internacional dos Surdos". Escolheram esta data pela
lembrança do Congresso de Milão ocorrido no mês de setembro de 1880, no qual
foi analisado e determinado a proibição do uso das Línguas de Sinais na
Educação dos Surdos em Mundo, um marco triste para esta comunidade. O
"Setembro Azul" é um grande marco histórico das lutas e conquistas
dos Surdos que, destacamos as lutas pelos direitos linguísticos e culturais.
Consideramos ser importante a comemoração do Dia do Surdo para que neste
momento a Sociedade Brasileira tenha mais uma oportunidade de receber
informações sobre a Comunidade Surda.
A Comunidade Surda conquistou
o reconhecimento nacional sobre a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais como uma
língua natural, registrado na Lei Nº 10.436 de 24 de abril de 2002 e Decreto Nº
5.626/2005, respeitando os valores da Linguística e Cultura dos Surdos,
respeitando a LIBRAS como primeira Língua de Sinais dos Surdos e a Língua
Portuguesa como segunda, como também o direito por Escolas Bilíngues para
Surdos.
O dia 26 de setembro é um dia
importante para a comemoração, pois no ano 1857 foi criada a primeira Escola de
Surdos no Brasil na cidade de Rio de Janeiro. Na época, o Imperador Dom Pedro
II convidou o professor Surdo Huet, da França para vir ao Brasil para lecionar
aulas com crianças Surdas no prédio que se chamava Instituto Imperial de
Surdos-Mudos, hoje INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos, onde os
Surdos foram internados para ser educados, o professor lecionava em Língua de
Sinais Francesa que influenciou diretamente na construção da Língua Brasileira
de Sinais. O INES atualmente é uma Escola Bilíngue para Surdos com apoio do
Governo Federal e também tem Ensino Superior onde Surdos e ouvintes podem
estudar em cursos bilíngues.
Sobre cor, Azul foi escolhida
pelo Dr. Paddy Ladd (surdo), usado em laço de fita na cor azul como símbolo, e
representa no XIII Congresso Mundial de Surdos na Austrália, durante a
cerimônia que faz lembrança dos Vitimas Surdos da opressão e Audismo.
No processo de criação do nome
"Setembro Azul", o azul também simboliza para a Comunidade Surda o
período da Segunda Guerra Mundial em que as PcD deviam usar uma faixa de cor
azul fixada no braço, sendo identificados e mortos pelos Nazistas, porque eles
acreditam que os as pessoas com deficiência eram incapazes e dentre estes, os
surdos eram classificados, não reconheciam o potencial dos Surdos. A comunidade
surda ainda escolheu a cor Azul Turquesa, por ser uma cor "viva" para
representa o SER SURDO, por não termos vergonha de sermos surdos, pois nós
temos a nossa própria Língua de Sinais que faz parte da Cultura Linguística e
também lutamos por sermos respeitados pela Sociedade Brasileira. Passamos por
várias lutas e conquistamos muitos de nossos objetivos, marcados em Leis que
tem como princípio o respeito aos Surdos e a sua diferença, como, por exemplo,
a Lei de Acessibilidade Nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000.
A Lei de Acessibilidade
concomitante à evolução das tecnologias provocou um interesse de criar
equipamentos para melhorar a comunicação dos Surdos, por exemplo, surgiu a
legenda ou Close Caption na televisão e a janela para intérprete de LIBRAS.
A tecnologia para comunicação
à distância se tornou uma febre e os Surdos Brasileiros a aderiram, pois se
comunicam pela mensagem tipo SMS do celular, chat da internet e, hoje, com a
chegada do videofone onde o Surdo pode se comunicar em LIBRAS com a Central de
Intérpretes de LIBRAS que faz o serviço de interpretação em Língua Portuguesa -
oral, mediando a relação com quem o Surdo deseja se comunicar facilita muito a
vida das pessoas surdas.
Atualmente, o maior desafio do
Movimento Surdo é a luta em Defesa das Escolas Bilíngues para Surdos no PNE –
Plano Nacional de Educação, este plano se refere ao projeto para 10 anos de
Educação, a nossa preocupação é oportunizar para as crianças surdas um espaço
escolar que favoreça a construção da Identidade Surda e formação com a Cultura
Surda em sua própria língua para evitar a extinção da nossa Cultura Surda da
Língua de Sinais dos Surdos.
Por isso que no mês “Setembro
Azul” é importante o movimento surdo, como um momento de oportunizar a
sociedade brasileira o acesso à informações. Utilizamos a cor Azul Turquesa
como conceito de SER SURDO, em memória das pessoas Surdas: por suas lutas e conquistas
até então, levantando a nossa bandeira da Cultura Surda.
É importante que todos os
órgãos públicos e a sociedade brasileira reflitam sobre os Surdos, sobre a
comemoração no Dia Nacional do Surdo, compreendendo os Surdos como cidadãos
iguais aos outros, dando-lhes uma atenção mais justa e respeitando a Cultura
Surda e a língua da Comunidade Surda.
CAPÍTULO 4 MODALIDADES DE
ENSINO
Língua sinalizada: Quando
começamos a estudar a Língua Brasileira de Sinais, uma das primeiras coisas que
nos vem à mente era que se a linguagem de sinais era única em todas as partes
do Brasil. Mas ao fazer a pesquisa, analisamos que cada região tem suas particularidades,
tem suas “gírias” regionais, pois a língua tem seu eixo gramatical
próprio. Cada estado tem suas
particularidades com a linguagem de sinais. Apesar de ter um alfabeto único,
existem diferenças culturais que influencia na língua, as chamadas Variações
Linguísticas da Língua Brasileira de Sinais.
Língua oral: A modalidades
oral constitui um universo específico de linguagem e, como tal, possui
característica própria. Na oralidade, a relação que é estabelecida com quem
falamos é totalmente direta, traduzida em um processo de diálogo, que pode
ainda contar com uma série de recursos como gestos, expressões faciais,
entonação, postura, que facilitarão a transmissão de ideias, emoções e
possibilitarão refazer a mensagem, caso esta não seja assimilada ou bem
interpretada.
Comunicação total: Como o
próprio nome nos indica, não exclui técnicas e recursos para que se possa
estimular a audição, inclusive usando a tecnologia como aparelhos auditivos que
ampliam o som, leitura labial, oralidade, leitura e escrita. Esta comunicação
prega a total liberdade de uso de qualquer técnica que possa ajudar o
deficiente auditivo a ser inserido dentro de uma sociedade e assim ajudá-lo a
se comunicar.
Bilinguismo: O bilinguismo tem
como pressuposto básico a necessidade do surdo ser bilíngue, ou seja, este deve
adquirir a Língua de Sinais, que é considerada a língua natural dos surdos,
como língua materna e como segunda língua, a língua oral utilizada em seu país.
Estas duas não devem ser utilizadas simultaneamente para que suas estruturas
sejam preservadas.
CAPÍTULO 5 LEGISLAÇÃO
LEI Nº. 10.436, DE 24 DE ABRIL
DE 2002
Fazendo uma pequena análise da
lei, percebemos alguns pontos que, a partir de agora, vamos expor a fim de
entender um pouco mais sobre esta.
O primeiro objeto analisado
foi o texto como um todo. A língua de sinais existe, no país, há mais de 100
anos e apenas em 2002 foi feita uma lei no qual o campo linguístico de sinais
foi oficialmente regulamentado. Além do mais, na visão do grupo, esta lei poderia
ser maior e mais específica, pois deixa algumas brechas para a sua não execução
ou a execução incorreta.
Em seu primeiro parágrafo diz:
“Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua
Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.”
O que nos parece é que, antes, a lei era algo “ilegal” e que não era visto ou
protegido pelo poder público ou órgão como o INES, que, como instituição
educacional, sempre esteve fazendo o possível pela educação dos surdos-mudos do
país, mas só obteve o verdadeiro apoio que precisava a partir de 2002.
“Art. 3º As instituições
públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde
devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência
auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.” Este terceiro artigo
leva-nos a uma reflexão mais profunda sobre a situação dos deficientes
auditivos e nos fez pesquisar no site do MEC sobre os dados de ingressos dessa
categoria nas escolas. Os números do MEC, que são apresentados em seu site,
parece-nos bem interessantes. Vamos analisar:
A quantidade de matrículas de
pessoas com deficiência na educação superior aumentou 933,6% entre 2000 e 2010.
Estudantes com deficiência passaram de 2.173 no começo do período para 20.287
em 2010 — 6.884 na rede pública e 13.403 na particular. O número de
instituições de educação superior que atendem alunos com deficiência mais que
duplicou no período, ao passar de 1.180 no fim do século passado para 2.378 em
2010. Destas, 1.948 contam com estrutura de acessibilidade para os estudantes.
(...) Em 2014, mais de 698 mil estudantes especiais estavam matriculados em
classes comuns. Percentual sobe para 93% em escolas públicas. (Fonte: Portal
MEC).
É notório que houve um
crescimento gigantesco na questão da inclusão de pessoas com deficiência. Porém
no que o MEC falha em seus números é que ele não especifica quais as
porcentagens de cada deficiência em questão. Eis que fica a dúvida: será que
esse crescimento “monstruoso” está bem direcionado para mostrar quais as
deficiências contempladas? Será que o deficiente surdo-mudo que precisa de um
docente com conhecimentos em libras ou estrutura para o receber está sendo
contemplado? Pelo que vemos nas Instituições de Ensino que conhecemos em nossa
vida acadêmica é que praticamente todos estas não têm estrutura para receber
estes deficientes, muito menos profissionais qualificados para atender crianças
e adolescentes.
DECRETO 5.626: DECRETO Nº
5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.
Regulamenta a Lei nº 10.436,
de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Em resposta ao nosso
questionamento sobre uma lei pequena e que, provavelmente, não haveria uma
solidificação nas Instituições em Ensino, o decreto veio para complementar
algumas lacunas deixadas pela lei.
A língua brasileira de sinais
passa a ser acrescentada como grade curricular. Assim passa a ser obrigatório a
presença da nova matéria em todos as esferas da educação, ou seja, todas essas
organizações deveriam se adaptar à nova lei e dar condições para receber alunos
que possuam esta necessidade.
O Decreto vem regularizando e
completando as lacunas que a lei deixou, mostrando que se precisava um cerco
muito maior em questão da educação dos surdos-mudos. Foi se pensado não apenas
na inclusão destes cidadãos, mas também na formação do docente, pois não
adiantava a escola ou instituição superior preparar-se para receber o aluno e o
docente em questão, ou das matérias, não ter o mínimo preparo para ministrar um
curso para o aluno.
Art. 17. A formação do
tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio
de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras -
Língua Portuguesa.
Art. 18. Nos próximos dez
anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação de tradutor e intérprete
de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de:
I - cursos de educação
profissional.
II - cursos de extensão
universitária; e
III - cursos de formação
continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições
credenciadas por secretarias de educação.
Parágrafo único. A formação de
tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da
sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado
seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III.
Outro ponto para análise seria
os artigos 22 ao 25 onde mostra especificadamente a garantia de saúde às
pessoas surdas e a garantia e direito à educação. Sabemos que o que é lei
deveria ser cumprido sem problemas, mas a percepção que tivemos não foi de
cumprimento de toda a lei por inteira, por mais que tenhamos analisado uma
melhoria no nível da educação e do acesso à saúde.
CONCLUSÃO
A cada dia temos mais e mais
novidades. O mundo está girando a mil por hora. As inovações e tecnologias têm
tomado conta de nossas vidas. Entretanto, é inversamente proporcional a relação
avanço tecnológico e avanços para os seres humanos. Infelizmente, a maioria do
que é feito não é visando o bem comum, o bem do cidadão. Tudo tem um jogo
político por trás.
Um exemplo clássico e atual
destas nossas afirmações são os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Podemos
analisar claramente a diferença de importância que aquele tem para este. Qual
destes foi televisionado quase que completamente? Quantos atletas ditos
“normais” e quantos atletas com algum tipo de deficiência ou transtorno foi a
programas, foi entrevistado? E não é diferente com os surdos-mudos.
Ainda falta muito a se fazer,
pois vemos um certo acompanhamento a esses alunos apenas em grandes cidades.
Muitos desses adolescentes e crianças são obrigados a se deslocar, muitas
vezes, mais de 100 km para achar uma educação apropriada. Pais e/ou
responsáveis aflitos em saber que provavelmente não há esperança para seus
filhos, que não há educação decente, que não há políticas públicas sendo
implementadas com decência em nosso país. Tomamos por exemplo a cidade de Paulo
Afonso, que fica a 470 km da cidade de Salvador. A cidade de quase 100 mil
habitantes não tem estrutura apropriada para atender estes tipo de pessoas,
obrigando às famílias a realizar este grande deslocamento.
BIBLIOGRAFIA
Portal PEAD, História dos
Surdos. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade2/historia_surdos.htm>.
Acesso em 22 de setembro de 2016.
Portal Libras UFSC,
Publicações. Disponível em: <http://libras.ufsc.br/publicacoes>. Acesso
em 22 de setembro de 2016.
Revista Reação, Dia Nacional
do Surdo – Setembro Azul. Disponível em:
<http://www.revistareacao.com.br/website/Edicoes.php?e=94&c=9417&d=0>.
Acesso em 22 de setembro de 2016.
Portal MEC. Disponível em:
<http://www.portal.mec.gov.br>. Acesso em 22 de setembro de 2016.
Portal Planalto. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 22 de setembro de 2016.
Portal CSJ Online. Disponível
em: <http://www.csjonline.web.br.com>. Acesso em 22 de setembro de 2016.
Portal Só Português, Língua de
Sinais. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/curiosidades/Curiosidades_libras.php>.
Acesso em 22 de setembro de 2016.
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