quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Tique nervoso não tem graça!

  • 20/03/2011 às 02:00    -    Atualizado em 20/03/2011 às 02:00
  • Tique nervoso não tem graça

  • Especial para O Diário Josi Costa

Lavar as mãos constantemente pode ser uma compulsão

fazer caretas na infância é um tique considerado leve




Pigarrear, tossir, estalar a língua e/ou os dedos, repuxar a cabeça, entortar o pescoço e/ou a boca, sacudir os ombros ou fazer caretas de forma involuntária podem ser tiques nervosos ou cacoetes. Quem faz sente alívio
da ansiedade, mas para os outros pode parecer esquisitice e é quase sempre motivo de deboche. 

O que muitas pessoas não sabem é que um tique de infância que se agrava e se mantém na vida adulta pode ser uma doença. O neurologista Paulo Cesar Otero Marcelino diz que os tiques podem ser classificado em leves, moderados e graves. Nas crianças, os mais comuns são tiques faciais, torção da cabeça e dos braços. Mas nem sempre esse comportamento implica em algo grave. 

Para ser motivo de preocupação por parte dos pais um dos aspectos importantes para avaliar é o fator hereditário. Outro ainda mais relevante é a intensidade dos tiques. É ela quem vai indicar a necessidade de procurar ajuda de um profissional.

"Se for leve, vale a pena esperar porque a causa pode ser um problema emocional, uma fase. Se for moderado, o uso de medicamento que minimize a ansiedade pode fazer com que ele desapareça", explica. 

O neurologista alerta que, se for alto o grau de ansiedade, os 
tiques podem vir acompanhados de Transtorno Obsessivo- Compulsivo (TOC) ou distúrbio obsessivo-compulsivo.
Considerada uma doença crônica, o comportamento repetitivo e compulsivo atinge em média 2,5% da população e a maior incidência ocorre na infância, principalmente entre os meninos, por volta dos nove e dez anos, segundo estudos a respeito. 

Checagem repetida da tarefa escolar, ler e reler algo para se certificar de que não há erros ou exageros com a higiene pessoal podem estão na lista das compulsões nessa idade.
Alvo de deboche dos colegas, crianças ou adolescentes que, por exemplo, costumam jogar a cabeça para a frente de forma repetitiva, vai tentar se controlar quando estiver em grupo. Porém, ao ficar sozinho novamente vai repetir o mesmo gesto de forma ainda mais compulsiva. "Para eles, o tique é uma forma de aliviar a ansiedade", explica o neurologista.

O médico diz que nos adultos o tique nervoso é mais raro e quando ocorre pode caracterizar a Síndrome de Gilles de la Tourette. Quem sofre dessa doença pode ter contrações bruscas do pescoço, dar chutes a ponto de se desequilibrar e cair, jogar o braço para a frente, entre outros comportamentos considerados esquisitos.
Ainda segundo o neurologista, barulhos com a boca como grunhidos ou ainda soltar palavrões no meio de uma conversa também são sinais da síndrome.
A causa dos tiques ainda é desconhecida, mas já se sabe que, nas pessoas que sofrem do problema, os neurônios não conhecem inibição.
"Não existe cura para essa síndrome, mas há tratamento para amenizar os sintomas", comenta ao se referir à ajuda médica e apoio psicológico.

Os sintomas de Torette o 1º caso
  • Repetição do que outros dizem (ecolalia).
  • Repetição daquilo que o próprio indivíduo diz (palilalia).
  • Produção involuntária de expressões obscenas ou de expressões consideradas tabu pela sociedade (coprolalia).
  • Produção de gestos obscenos (copropraxia).
  • Comportamentos obsessivo-compulsivo como lavar as mãos a ponto de ferir a pele ou tocar-se de forma repetitiva.
  • A Síndrome de Tourette foi descrita pela primeira vez em 1825 por um médico francês. A paciente portadora da doença era a Marquesa de Dampierre, mulher da alta sociedade e muito influente na época. Segundo a história, ela proferia palavras obscenas em público, no meio de uma conversa.

Os tiques podem surgir simples ou complexos
Se você se identificou com esse conteúdo ou tem um amigo ou familiar com tique nervoso, confira os sintomas.
Tiques simples: pestanejar, revirar os olhos, contrações súbitas do nariz, projeção da língua para fora, abrir a boca, sacudir as pernas, flexionar e agitar os braços, limpar a garganta, roncos, fungadelas, tosses, sussurros, gritos, cuspir, assobios, grasnidos, gaguejar, sibilar, risos, berros, ladrar, gemidos, respirar ruidosamente, gorgolejos, estalidos, soluços, sons ‘tsc’ ou ‘pft’.

Tiques complexos: bater em si mesmo ou em outros, saltar, cheirar as mãos ou objetos, bater palmas, beliscar, inclinar-se para a frente, saltitar, atirar objetos, ficar de cócoras, pular, dar saltos mortais, bater com o pé no chão, abanar o pé, pronunciar frases ou palavras incompreensíveis.

A Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (Astoc) foi fundada em 1996 para dar amparo, estímulo e proteação aos portadores. 

O site reúne mais informações sobre a doença, além de vídeos.
(www.astoc.org.br)

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