Dança do ventre ajuda a recuperar a autoestima de quem teve câncer
Pesquisadores investigam o impacto físico e psicológico da dança em mulheres que perderam a mama. Com menos de cinco meses de aula, uma turma já recuperou o ânimo.
Algumas das bailarinas mostradas em vídeo nunca pensaram em pisar num palco. Por isso, a apresentação vai muito além do espetáculo. A beleza dos movimentos é reflexo de um longo caminho que elas tiveram que percorrer.
Maria tinha 26 anos quando descobriu o câncer. “Foi muito difícil. Foi assustador”, conta Maria.
Maria tinha 26 anos quando descobriu o câncer. “Foi muito difícil. Foi assustador”, conta Maria.
Os médicos tiveram que retirar a mama: “Na hora que eu me olhei no espelho, eu desabei. Naquele momento, eu falei : espelho pra mim não existe mais”, lembra.
Maria pediu, e o marido retirou todos os espelhos de casa. “Eu aprendi a pentear o cabelo a me maquiar, fazer tudo, sem me olhar no olhar no espelho, porque eu não me aceitava”, revela a vendedora.
Ela fechou os olhos pra si mesma por dois anos. E só reencontrou uma Maria "inteira" numa sala de aula.
No lugar, mulheres que tiraram a mama enfrentam juntas um imenso desafio: reconstruir a própria imagem.
No lugar, mulheres que tiraram a mama enfrentam juntas um imenso desafio: reconstruir a própria imagem.
“Você começa a dançar, você descobre: poxa, eu tenho um corpo, eu tenho quadril eu tenho braço, eu tenho mão, eu tenho rosto. Eu não sou só uma mama”, diz Sandra Ramos Pedroso,
ajudante geral.
ajudante geral.
A dança do ventre desperta o corpo, e a força da mulher.
“A sensação é de impotência. Eu sou dura, não vai dar. Eu acho que você não vai conseguir. E eu com este quadrilzão aqui, na hora que eu mexo, você não tem noção, é muito bom”, comemora Maria Emília Pereira, funcionária pública.
O grupo de dança do ventre mostrado em vídeo faz parte de um estudo desenvolvido na Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), em Botucatu.
Os pesquisadores investigam o impacto físico e psicológico da dança em mulheres que perderam a mama. Com menos de cinco meses de aula, uma turma já recuperou o ânimo.
Antes de começar a dança, as mulheres passam por uma avaliação física.
“Em alguns casos, em algumas cirurgias, ocorre a retirada de alguns músculos peitorais. E, por conta disso, elas ficam com limitação de movimentos e dor”, diz a fisioterapeuta Samira Luvizutto Rozalem.
Antes de começar a dança, as mulheres passam por uma avaliação física.
“Em alguns casos, em algumas cirurgias, ocorre a retirada de alguns músculos peitorais. E, por conta disso, elas ficam com limitação de movimentos e dor”, diz a fisioterapeuta Samira Luvizutto Rozalem.
Eliana mal conseguia erguer o braço. Quando descobriu o câncer, ela também caiu em depressão. “Pra mim foi terrível, minha vida parou”, conta a dona de casa. Em dois meses de aula, Eliana já consegue fazer muita coisa.
“A dança trabalha com todas as articulações e grupos musculares. Ajuda na fisioterapia e na recuperação dela”, diz a fisioterapeuta.
Além dos movimentos, a dança ajuda a recuperar a autoestima que a doença levou. “Me sinto bem, agora estou colocando brinco”, diz Eliana.
Redescobrir a própria beleza traz saúde. Esta é uma das conclusões da pesquisa.
“As mulheres que estavam deprimidas se tornaram mulheres saudáveis, alegres, sem dúvida alguma, do ponto de vista clínico, a imunidade dessas mulheres melhorou muito”, afirma o médico coordenador da pesquisa, José Ricardo Rodrigues.
“É uma magia. Elas vêm para esta sala e se sentem em outro mundo. Elas desligam do mundo lá fora. Aqui elas esquecem todas as limitações. Elas não pensam nisso”, diz a educadora física
Sônia Regina Augusto.
Hoje, Maria reencontra, diante do espelho, uma mulher segura. “Eu me enxergo. Eu esqueço que um dia eu tive câncer, eu esqueço que um dia eu tirei a mama. Eu me enxergo por completo. É o meu momento. Me sinto uma deusa”, revela Maria.
Sônia Regina Augusto.
Hoje, Maria reencontra, diante do espelho, uma mulher segura. “Eu me enxergo. Eu esqueço que um dia eu tive câncer, eu esqueço que um dia eu tirei a mama. Eu me enxergo por completo. É o meu momento. Me sinto uma deusa”, revela Maria.
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