Ricardo Salles: “Revogamos normas quando
elas se tornam obsoletas”
Conama, órgão do Ministério do Meio
Ambiente, derrubou nesta semana quatro resoluções que tratavam de preservação
O ministro Ricardo Salles acredita que a
repercussão negativa causada após as decisões desta semana do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama) aconteceu parte por “desconhecimento” e parte por
“campanha dos ambientalistas contra o governo”.
“Não conseguimos agradar a todos. Nem é
nosso papel. Nosso papel é ser fiel à norma e à proteção ambiental e ser justo
com as situações. O que essas críticas demonstram? De um lado, que algumas
pessoas têm falado por desconhecimento e, de outro, que outras sabem bem que
não é isso (…). Revogamos normas quando elas se tornam obsoletas. Mas como tem
essa campanha dos ambientalistas profissionais contra o governo, tudo o que a
gente faz em termos de bom senso, equilíbrio e racionalidade eles rotulam como
desrespeito ao meio ambiente”, disse hoje em entrevista na Rádio Bandeirantes.
O que aconteceu foi o seguinte: na
segunda-feira, durante reunião do Conama, órgão do Ministério do Meio Ambiente
presidido pelo ministro e responsável por estabelecer critérios para
licenciamento, quatro resoluções que tratavam de preservação ambiental foram
derrubadas.
Duas delas restringiam o desmatamento e
a ocupação em áreas de vegetação nativa, como restingas e manguezais; uma
impedia a queima de lixo tóxico em fornos usados para a produção de cimento; e
outra determinava critérios para que projetos de irrigação fossem aprovados.
Segundo Salles, no entanto, o Código
Florestal, por ser uma lei federal acima de uma resolução, continuará
garantindo a proteção dessas áreas.
“O Código Florestal veio depois dessas
resoluções do Conama. O código protege todas as áreas de preservação
permanente, é uma lei federal, enquanto a resolução é um ato administrativo
anterior. Qual é a lógica das normas? Quando a norma mais nova for mais
abrangente e hierarquicamente superior (que é exatamente o caso de uma lei
federal se sobrepondo a uma resolução do Conama), você deve, e é uma questão de
técnica legislativa, revogar as normas que ficaram obsoletas ou revogadas
tacitamente. É esse caso.”
“Não é verdade que os manguezais e as
restingas ficaram desprotegidos. O Código Florestal diz que as áreas de
preservação permanente, incluindo essas, devem e continuarão sendo protegias.
Agora, cada estado tem uma situação distinta, e cada órgão ambiental estadual
fará a aplicação da norma Código Florestal de acordo com seu território”,
completou.
“É importante lembrar também que esse
grupo que concluiu pela necessidade de revogação dessas normas foi instituído e
assim chegou a essa conclusão na administração da ministra Izabella Teixeira
[governo da presidente Dilma Rousseff] lá em 2016. Desde 2016 essa decisão vem
sendo postergada por causa do patrulhamento ideológico em cima dos órgãos. Já
deveria ter sido feito. Ninguém teve a coragem de por o assunto para ser
votado. E ele foi votado no Conama, não foi uma decisão monocrática nem
arbitrária. Foi amplamente discutido e votado. Por maioria, se acolheu aquela
decisão de 2016”, finalizou o ministro.
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