Quais foram as torturas realizadas na ditadura militar?
Rafael Miranda
Curiosidades
História
abril 17, 2015
Apesar das promessas iniciais de uma intervenção breve, a
ditadura militar durou 21 anos. Além disso, o novo governo pôs em prática
vários Atos Institucionais, culminando com o AI-5 de 1968, que vigorou por dez
anos. A Constituição de 1946 foi substituída pela Constituição de 1967 e, ao
mesmo tempo, o Congresso Nacional foi dissolvido, liberdades civis foram
suprimidas e foi criado um código de processo penal militar que permitia que o
Exército brasileiro e a Polícia Militar pudessem prender e encarcerar pessoas
consideradas suspeitas, além de impossibilitar qualquer revisão judicial.
A ditadura atingiu o auge de sua popularidade na década
de 1970, com o “milagre brasileiro”, no mesmo momento em que o regime censurava
todos os meios de comunicação do país e torturava e exilava dissidentes. Na
década de 1980, assim como outros regimes militares latino-americanos, a
ditadura brasileira entrou em decadência quando o governo não conseguiu mais
estimular a economia, controlar a inflação crônica e os níveis crescentes de
concentração de renda e pobreza provenientes de seu projeto econômico.
A crise deu impulso ao movimento pró-democracia. O
governo aprovou uma Lei de Anistia para os crimes políticos cometidos pelo e
contra o regime, as restrições às liberdades civis foram relaxadas e, então,
eleições presidenciais foram realizadas em 1984, com candidatos civis. Durante
o regime militar de 1964, os torturadores brasileiros eram em sua grande
maioria militares das forças armadas, em especial do exército. Os principais
centros de tortura no Brasil, nesta época, eram os DOI/CODI, órgãos militares
de defesa interna.
Mas havia também torturadores civis, que atuavam sob
ordens dos militares. Um dos torturadores mais famosos e cruéis foi Sérgio
Paranhos Fleury, delegado do DOPS de São Paulo, que se utilizava de métodos
brutais – e por vezes letais – para conseguir as confissões de seus suspeitos,
à revelia de seus chefes.
TÉCNICAS DE TORTURA
As técnicas de tortura utilizadas no Brasil, ao contrário
da ideia de que seriam improvisos dos que aplicam a tortura, têm na verdade
estreita ligação com técnicas desenvolvidas através de experimentos como os do
Projeto MKULTRA dos Estados Unidos. Técnicas trazidas para o Brasil e América
Latina, através de treinamento e treinadores americanos, estão contidas nos
manuais KUBARK utilizados para treinamento de militares e agentes de segurança
brasileiros na Escola das Américas além de em outros programas de intercâmbio.
CADEIRA DO DRAGÃO
Os presos sentavam pelados numa cadeira revestida de
zinco ligada a terminais elétricos. Quando o aparelho era ligado na
eletricidade, o zinco transmitia choques a todo o corpo.
PAU-DE-ARARA
Com uma barra de ferro atravessada entre os punhos e os
joelhos, o preso ficava pelado, amarrado e pendurado a cerca de 20 centímetros
do chão. Nessa posição que causa dores atrozes no corpo, o preso sofria com
choques, pancadas e queimaduras com cigarros.
CHOQUES ELÉTRICOS
As máquinas usadas nessa tortura eram chamadas de
“pimentinha” ou “maricota”. Elas geravam choques que aumentavam quando a
manivela era girada rapidamente pelo torturador.
ESPANCAMENTOS
Vários tipos de agressões físicas eram combinados às
outras formas de tortura. Um dos mais cruéis era o popular “telefone”. Com as
duas mãos em forma de concha, o torturador dava tapas ao mesmo tempo contra os
dois ouvidos do preso. A técnica era tão brutal que podia romper os tímpanos do
acusado e provocar surdez permanente.
SORO DA VERDADE
O pentotal sódico é uma droga injetável que provoca na
vítima um estado de sonolência e reduz as barreiras inibitórias. Sob seu
efeito, a pessoa poderia falar coisas que normalmente não contaria – daí o nome
“soro da verdade”.
AFOGAMENTOS
Os torturadores fechavam as narinas do preso e colocavam
uma mangueira ou um tubo de borracha dentro da boca do acusado para obrigá-lo a
engolir água. Outro método era mergulhar a cabeça do torturado num balde,
tanque ou tambor cheio de água, forçando sua nuca para baixo até o limite do
afogamento.
GELADEIRA
Os presos ficavam pelados numa cela baixa e pequena, que
os impedia de ficar de pé. Depois, os torturadores alternavam um sistema de
refrigeração superfrio e um sistema de aquecimento que produzia calor
insuportável, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. Os presos ficavam
na “geladeira” por vários dias, sem água ou comida.
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