PGR denuncia Eduardo Bolsonaro no inquérito sobre coação
em processo judicial; Jair Bolsonaro não foi denunciado
Caso é sobre a atuação de Eduardo junto ao governo dos
EUA para levantar sanções contra o Brasil e autoridades do Judiciário.
Objetivo, segundo a PGR, era reverter o julgamento do pai, Jair Bolsonaro, por
golpe de Estado.
Por Márcio Falcão, Marcelo Parreira, Reynaldo Turollo Jr,
TV Globo — Brasília
22/09/2025 14h53
Atualizado há 30 minutos
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao
Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) por coação em processo judicial.
O caso é sobre a atuação de Eduardo para atrapalhar o
processo sobre golpe de Estado, em que o pai dele, o ex-presidente Jair
Bolsonaro, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3
meses de prisão.
Para a PGR, Eduardo buscou junto ao governo Donald Trump,
dos Estados Unidos, levantar sanções e tarifas ao Brasil e a autoridades do
Judiciário como represália ao julgamento.
A PGR também denunciou o produtor de conteúdo Paulo
Figueiredo, aliado da família Bolsonaro, que agiu nos EUA junto com Eduardo.
Jair Bolsonaro, que também era alvo do inquérito, não foi
denunciado. Isso significa que a PGR não encontrou indícios de que ele também
estava coagindo autoridades judiciais responsáveis pelo processo do golpe.
Agora, caberá ao STF decidir se aceita ou não a denúncia
contra Eduardo e Paulo Figueiredo. Se for aceita, eles se tornarão réus em uma
ação penal.
"Os denunciados divulgaram amplamente tragédias
financeiras, decorrentes das sanções que se afirmavam e se mostraram aptos para
consegui-las [as tragédias financeiras] nos Estados Unidos da América, se o
Supremo Tribunal Federal não liberasse os acusados no processo penal contra
Jair Bolsonaro e outros", escreveu o procurador-geral da República, Paulo
Gonet.
Segundo o procurador-geral, Eduardo e Paulo Figueiredo
deixaram claro suas ações e intenções.
"A dupla de denunciados não hesitou em arrogar a si
própria a inspiração determinante das sanções econômicas que vieram a ser, como
é notório, afinal infligidas pelo governo norte-americano."
AMEAÇAS A MINISTROS
Segundo a PGR, a estratégia dos denunciados consistiu em
ameaçar os ministros do STF com a obtenção de sanções estrangeiras, tanto para
os magistrados quanto para o próprio Brasil .
Para isso, eles se dedicaram a explorar suas conexões nos
Estados Unidos, incluindo contatos com integrantes do alto escalão do governo
norte-americano.
"A efetivação de sanções crescentes convenceu os
denunciados de que as ameaças e os males já infligidos estavam produzindo
resultados sobre a disposição dos Ministros julgadores. Com isso animavam-se ao
recrudescimento das manifestações de coação. Buscavam deixar explícito, para o
público e para os demais julgadores do STF, que a as medidas de que lançavam
mão para intimidar os julgadores eram eficazes", declarou Gonet.
O procurador-geral destacou que Eduardo e Paulo
Figueiredo, em postagens nas redes sociais e em entrevistas, não só anunciavam
novas medidas do governo dos EUA, cada vez mais duras, como comemoravam
publicamente as já impostas pelo governo Trump.
"A dupla denunciada anunciava as sanções
previamente, celebrava quando eram impostas e as designava, elas próprias, como
prenúncio de outras mais, caso o Supremo Tribunal não cedesse. As providências
foram obtidas com porfiado esforço pela dupla, conforme os denunciados – eles
próprios – triunfalmente confessam", afirmou Gonet.
AÇÕES DOS DENUNCIADOS
A denúncia detalha três principais eventos de sanções que
teriam sido orquestrados pelos acusados:
- A suspensão de vistos: Em 18 de julho de 2025, o governo dos EUA suspendeu os vistos de oito ministros do STF. Eduardo Bolsonaro publicou na rede social X (anteriormente Twitter) um agradecimento ao presidente dos EUA e ao Secretário de Estado, afirmando que "tem muito mais por vir". Paulo Figueiredo também comentou o evento, chamando-o de "só o começo" e sugerindo que medidas piores poderiam ser aplicadas.
- A imposição de tarifas econômicas: Em 9 de julho de 2025, o presidente dos EUA anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, designando-as como punição pela "perseguição ilegítima" a Jair Bolsonaro e seus apoiadores. O documento do MPF afirma que essas sanções, que os denunciados apelidaram de "Tarifa-Moraes", causaram perdas de receita, impacto negativo no PIB e desemprego setorial no Brasil.
- A Lei Magnitsky: Em 30 de julho de 2025, o Ministro Alexandre de Moraes foi sancionado com a Lei Global Magnitsky de Responsabilidade pelos Direitos Humanos. Essa medida resulta no bloqueio de bens e na proibição de transações financeiras nos EUA. Os denunciados, após a sanção, continuaram a pressionar o STF, afirmando que a punição de Moraes seria um aviso para os outros ministros .
MENSAGENS DE CELULAR
A denúncia utiliza mensagens de WhatsApp apreendidas do
celular de Jair Bolsonaro como evidência da trama. Em uma dessas mensagens,
Jair Bolsonaro relata ao filho que "todos ou quase todos" os
ministros do STF demonstram preocupação com as sanções. O documento também
indica que Eduardo Bolsonaro atuou para garantir que apenas ele e Paulo
Figueiredo tivessem acesso a autoridades dos EUA. A denúncia conclui que as
ações tinham o objetivo de "sobrepor os interesses da família Bolsonaro às
normas do devido processo legal e do bom ordenamento da Justiça".
Por fim, o Ministério Público Federal pede a condenação
de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo pelo crime de coação no curso do
processo, em forma continuada, e a reparação dos danos causados . A denúncia
destaca que o crime foi formalizado com as ameaças, independentemente de os
ministros terem cedido à pressão, visto que a simples prática da ameaça já
configura o delito.
Link da reportagem: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/09/22/pgr-denuncia-eduardo-bolsonaro-no-inquerito-sobre-coacao-da-justica.ghtml


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