Política
Minuta
golpista, atuação de militares e dinheiro em caixa de vinho: os 7 pontos
importantes do interrogatório de Cid no STF
Delator
descreve bastidores da tentativa de golpe, menciona críticas ao sistema
eleitoral e nega pressões em depoimentos
Por
Ivan Martínez-Vargas, Eduardo Gonçalves, Mariana Muniz e Daniel Gullino —
Brasília
09/06/2025
19h42 Atualizado há um dia
Em
cerca de quatro horas de interrogatório, o ex-ajudante de ordens de Jair
Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou nesta segunda-feira ao Supremo
Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Bolsonaro alterou pessoalmente uma
minuta de decreto golpista e que o então comandante da Marinha, almirante Almir
Garnier, chegou a colocar as tropas da força “à disposição” para apoiar um
plano de ruptura institucional.
Cid
também reafirmou ter recebido dinheiro em espécie do general Braga Netto,
entregue dentro de uma caixa de vinho no Palácio da Alvorada, com destino ao
major Rafael Martins de Oliveira, apontado como operador da tentativa de golpe.
O
depoimento ainda incluiu relatos sobre o apoio do Exército a acampamentos
golpistas e críticas internas ao sistema eleitoral. Questionado por advogados
dos réus que devem tentar descredibilizar sua colaboração com a Justiça, Cid
negou ter sofrido pressão em seus depoimentos à Polícia Federal e ao STF.
Veja
os principais pontos do depoimento:
1.
BOLSONARO ALTEROU MINUTA GOLPISTA
Cid
voltou a dizer que o presidente Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de teor
golpista de seu então assessor Filipe Martins e que não apenas teria lido o
documento, mas feito alterações nele.
O
delator afirmou que o documento previa originalmente a prisão "de vários
ministros do STF" e autoridades do Legislativo, como o então presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas que Bolsonaro editou o documento.
—
De certa forma, ele (Jair Bolsonaro) enxugou o documento, retirando as
autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria como
preso, o resto... — disse Cid a Moraes, quem emendou que "ao resto foi
concedido habeas corpus". Nesse momento, o ex-presidente Bolsonaro,
presente do plenário da Primeira Turma, riu da piada de Moraes.
2.
EX-COMANDANTE DA MARINHA COLOCOU TROPAS ‘À DISPOSIÇÃO’ DE GOLPE
Ao
ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Cid disse
ainda que o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Mairinha, deixou as
tropas "à disposição". O tenente-coronel acrescentou ainda que
"presenciou" a trama golpista no governo, mas negou que tenha
participado das ações que estão em julgamento na Corte.
O
almirante, segundo Cid, seria um dos membros da ala "radical" do
entorno de Bolsonaro, que seria favorável a uma ruptura institucional.
3.
FREIRE GOMES COMO LEGALISTA
Durante
todo o interrogatório, Cid repetiu a ideia de que o general Marco Antônio
Freire Gomes, comandante do Exército no fim do mandato de Jair Bolsonaro, era
contra qualquer medida golpista.
—
Para todos que me consultaram, no geral, eu sabia que nada iria acontecer
porque eu conhecia o general Freire Gomes. (...) independentemente o que
acontecesse nas eleições, dificilmente alguma coisa queria acontecer — disse
Cid a Moraes.
Freire
Gomes, que se recusou a esperar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para participar da cerimônia de troca de comando do Exército, é retratado por
Cid como moderado.
4.
BRAGA NETTO ENTREGOU DINHEIRO EM CAIXA DE VINHO A CID
Mauro
Cid disse que recebeu diretamente do general Walter Braga Netto uma quantia em
dinheiro vivo no Palácio da Alvorada, no fim de 2022. Segundo as investigações
da Polícia Federal, a quantia seria usada para custear um plano para monitorar
e capturar o ministro Alexandre de Moraes, o que faria parte de um suposto
plano golpista.
A
Moraes e ao advogado, José Luis Oliveira Lima, que representa o general Braga
Netto, Cid respondeu que não abriu a caixa, mas que sabia se tratar de
dinheiro, e que a quantia deveria ser inferior a R$ 100 mil, devido ao volume
ser pequeno. O militar afirmou não se lembrar de onde teria recebido a caixa e
que não sabe a origem do dinheiro, mas que “provavelmente, pelo que a gente
sentia ali, era o pessoal do agronegócio que estava de certa forma ajudando”.
—
O general Braga Netto trouxe uma quantia de dinheiro, não sei dizer o valor,
que foi passado para o major (Rafael Martins) de Oliveira no próprio Alvorada.
Eu recebi o dinheiro do general Braga Netto no Palácio da Alvorada. Ele estava
numa caixa de vinho, botelha, no mesmo dia eu passei para o major de Oliveira —
disse o tenente-coronel.
Conforme
as investigações, o montante teria sido levantado para a execução da trama
golpista que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que havia ganhado as eleições naquele ano contra o então presidente Jair
Bolsonaro. O valor teria sido acertado em uma reunião na casa do general
ocorrida no dia 12 de novembro, em Brasília, depois de uma tentativa frustrada
de Cid de obter dinheiro de um militar que o delator qualifica como “tesoureiro
do PL”.
5.
DISCUSSÕES SOBRE FRAUDE NAS URNAS
Cid
afirmou ainda que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto tinham
expectativa de que fosse detectada uma fraude nas urnas eletrônicas para que
"alguma coisa" acontecesse, em alusão a uma ruptura institucional.
Segundo
ele, a identificação de um eventual problema no sistema eletrônico poderia
"convencer" as Forças Armadas a intervirem no processo de transição
de governo, no fim de 2022 - o que não aconteceu porque nenhuma vulnerabilidade
foi encontrada.
—
A expectativa é que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que nós vimos era
uma busca por uma fraude nas urnas. Com a fraude nas urnas, poderia convencer
as Forças Armadas a fazer alguma coisa — disse Cid, em resposta ao
procurador-geral da República, Paulo Gonet. — Bolsonaro sempre buscou fraude
nas urnas — complementou Cid, que era ajudante de ordens do ex-mandatário.
Ao
advogado do ex-presidente, Celso Vilardi, porém, Cid disse que o ex-presidente
“nunca expressou a ideia de que tínhamos que achar uma fraude para assinar
algum decreto.”
6.
NEGOU TER SOFRIDO PRESSÃO EM DEPOIMENTOS
Como
resposta a questionamentos sobre uma reportagem da revista “Veja” sobre áudios
seus em que relataria uma suposta pressão das autoridades para relatar fatos
inverídicos, Cid disse nesta segunda que o fato foi “um desabafo” feito a um
amigo.
—
Foi um vazamento de áudios que foram feitos sem consentimento, sem a minha
permissão. Era um desabafo, um momento difícil que eu e minha família estávamos
passando. (...) Isso gerou uma crise pessoal e também psicológica muito grande,
que nos levou a certos desabafos com amigos, com pessoas próximas. Nada de
maneira oficial, nada de maneira acusatória — disse.
Cid
disse que “em nenhum momento houve pressão” de agentes da Polícia Federal sobre
ele e negou ter sido coagido a responder algo que não queria.
7.
EXÉRCITO APOIOU ACAMPAMENTOS GOLPISTAS
Em
seu interrogatório, Cid também afirmou que os acampamentos de apoiadoress de
Jair Bolsonaro em frente aos quartéis, com pedidos de golpe de estado,
"sempre tiveram apoio tácito do Exército”.
O
tenente coronel disse que, as manifestações de teor golpista tiveram
"apoio mais formal" a partir de 11 de novembro de 2022, quando os
três comandantes militares publicaram um nota oficial em defesa da
"liberdade de reunião".
Link da Reportagem: https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/06/09/minuta-golpista-atuacao-de-militares-e-dinheiro-em-caixa-de-vinho-os-7-pontos-importantes-do-interrogatorio-de-cid-no-stf.ghtml
RESUMO DO INTERROGATÓRIO DE BOLSONARO: 'DESCULPA, ALEXANDRE DE MORAES!' E 'QUEM PEDE AI-5 É MALUCO!'
https://rafresco.blogspot.com/2025/06/resumo-do-interrogatorio-de-bolsonaro.html
MINUTA GOLPISTA, ATUAÇÃO DE MILITARES E DINHEIRO EM CAIXA DE VINHO: OS 7 PONTOS IMPORTANTES DO INTERROGATÓRIO DE MAURO CID NO STF
https://rafresco.blogspot.com/2025/06/minuta-golpista-atuacao-de-militares-e.html
RESUMO DO INTERROGATÓRIO DE PAULO SÉRGIO NOGUEIRA: 'DESCULPA, ALEXANDRE DE MORAES!' E 'FORAM PALAVRAS MAL COLOCADAS'
https://rafresco.blogspot.com/2025/06/resumo-do-interrogatorio-de-paulo.html
https://rafresco.blogspot.com/2025/06/resumo-do-interrogatorio-de-bolsonaro.html
MINUTA GOLPISTA, ATUAÇÃO DE MILITARES E DINHEIRO EM CAIXA DE VINHO: OS 7 PONTOS IMPORTANTES DO INTERROGATÓRIO DE MAURO CID NO STF
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RESUMO DO INTERROGATÓRIO DE PAULO SÉRGIO NOGUEIRA: 'DESCULPA, ALEXANDRE DE MORAES!' E 'FORAM PALAVRAS MAL COLOCADAS'
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