Áudios de ex-cunhada indicam
participação de Jair Bolsonaro em esquema de rachadinha, diz site
Reportagem do UOL mostra conversa
atribuída a Andrea Valle, ex-cunhada do presidente. Ela diz que irmão foi
demitido por Bolsonaro porque não repassava valor exigido do salário de
assessor.
Por G1 — Brasília
05/07/2021 13h13 Atualizado há 3 horas
As chamadas "rachadinhas"
consistem na prática ilegal de confisco, por parlamentares, de parte dos
salários de assessores de gabinete.
Na gravação atribuída a Andrea, obtida
pelo UOL com fontes, a fisiculturista afirma que o irmão André Siqueira Valle
foi demitido do cargo de assessor do então deputado federal Jair Bolsonaro
porque se recusou a repassar o valor definido. Na gravação, a mulher não diz em
que ano isso ocorreu.
""O André deu muito problema
porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido,
entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um
tempão assim, até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele
nunca me devolve o dinheiro certo'", diz Andrea.
André e Andrea são irmãos de Ana
Cristina Siqueira Valle, que foi mulher de Jair Bolsonaro e é mãe de Jair Renan
Bolsonaro, o "filho 04" do presidente.
"Não é pouca coisa que eu sei, não.
É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio. Posso ferrar a vida do
Jair, posso ferrar a vida da [Ana] Cristina. Entendeu? É por isso que eles têm
medo aí, e mandam eu ficar quietinha, não sei o que, e tal. Entendeu? É esse
negócio aí", diz Andrea em outro áudio.
Denúncia contra Flávio
O filho primogênito do presidente, o
senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), foi alvo de investigação sobre suposta
rachadinha em seu gabinete quando era deputado estadual na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj).
O senador já foi denunciado à Justiça
pelo MP do Rio em razão dessas investigações. O caso veio à tona em 2018,
quando um relatório do então Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf) identificou movimentações suspeitas na conta bancária de Fabrício
Queiroz, que era assessor de Flávio. Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre
janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Em nota divulgada nesta segunda (veja
íntegra abaixo), a defesa de Flavio Bolsonaro negou irregularidades do
parlamentar e disse que "gravações clandestinas, feitas sem autorização da
Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um
expediente compatível com democracias saudáveis".
Também em nota, o Palácio do Planalto
afirmou que não teve acesso à íntegra das gravações e, por isso, não poderia se
manifestar. Segundo o governo, a "construção da narrativa" nas
reportagens "parece ter como intuito induzir o leitor/expectador a
conclusões precipitadas por carecer de contexto".
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