Justiça determina que vereador Gabriel Monteiro retire três
vídeos de rede social
A juíza Luciana Santos Teixeira decidiu que o ex-PM exclua
publicações com acusações contra o coronel Luciano de Vasconcelos, comandante
do 19º BPM (Copacabana), por ligação à contravenção. Vereador tem também 6
supostos casos de quebra de decoro em análise na Câmara do Rio.
Por G1 Rio
05/07/2021 16h13
Atualizado há 4 horas
Segundo a decisão assinada pela juíza Luciana Santos
Teixeira, o material postado por Gabriel na internet contém "imputação
criminal sem qualquer denúncia, inquérito ou investigação em andamento" e
extrapola a liberdade de expressão.
Assinada em 2 de julho, a ordem foi direcionada ao vereador
e ao Google, que teriam 24 horas após o recebimento da intimação para retirar
os vídeos de circulação de todas as suas plataformas.
Até o final da tarde desta segunda-feira (5), os vídeos
ainda estavam disponíveis no canal do vereador.
A juíza estipulou uma multa diária de R$ 500, caso a ordem
não seja cumprida.
Na opinião da magistrada, Gabriel Monteiro "fez
acusações gravíssimas contra o impetrante (coronel), afirmando em diversos
trechos dos vídeos apontados que este teria envolvimento com grupos de
contravenção penal, que estaria corrompido por estes e que, por isso, não teria
interesse em agir com firmeza na repressão desta espécie de criminalidade".
Por volta das 16h desta segunda, o vereador publicou em uma
de suas redes sociais um comentário sobre o processo. Gabriel questionou qual
seria o interesse do coronel em buscar a Justiça.
"Sinceramente, não sou um exército, sou apenas um. Tô
dando a vida por um trabalho que ninguém quer fazer, e só porrada que tomo. O
Coronel Luciano tinha perdido a ação, agora ganhou no recurso. Qual interesse
desse Coronel?", questionou.
Supostos casos de quebra de decoro
Na última semana, Gabriel Monteiro se envolveu em mais uma
confusão. Dessa vez, o ex-PM brigou com um caminhoneiro na porta de um bingo
clandestino em Copacabana, na Zona Sul.
Como mostrou o RJ2 na quinta-feira (1º), o Conselho de
Ética da Câmara já analisa seis situações em que Monteiro pode ter quebrado o
decoro do cargo. Contando com recurso público, ações do vereador são gravadas e
geram retorno financeiro para o político na internet.
Imagens mostram Monteiro chegando acompanhado de cinegrafistas
e seguranças ao local onde funcionava o bingo. Pelo menos três deles usam
toucas-ninja. Na polícia, o vereador afirmou que esteve no endereço porque teve
informação de que haveria um bingo em funcionamento no local.
E acrescentou ter encontrado o caminhoneiro Carlos Henrique
Santos Araújo, com diversos caixas de máquinas caça-níquel. Segundo o vereador,
o motorista o ameaçou. Na delegacia, o homem afirmou que foi abordado pelo
parlamentar e perguntado quem era o chefe. E que o grupo de Gabriel Monteiro o
agrediu com socos e chutes.
O motorista acrescentou que a abordagem foi realizada de
forma truculenta, achando que seria um grupo de assaltantes e milicianos.
Carlos Henrique também relatou que foi ameaçado. Segundo ele, o vereador
afirmou: "fala tudo, senão eu te coloco na mala do carro".
Os vídeos mostram que o motorista deu um soco no vereador,
que revidou com chute. E mais agressão. O inquérito de lesão corporal mútua já
foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal.
Segurança suspeito de homicídio
A polícia também investiga se um dos integrantes da equipe
que acompanha Gabriel Monteiro nas fiscalizações é Daniel Aleixo Guimarães. Em
fotos, o homem aparece armado. E em outras, com Monteiro.
O suposto segurança do vereador é acusado de matar, em
2015, um ex-prefeito de Macuco, na Região Serrana. Ele chegou a ser preso, mas
responde em liberdade.
Em abril, o RJ2 mostrou que, durante a pandemia, o vereador
fazia fiscalizações em hospitais – sem usar equipamentos de proteção e
provocando aglomerações em áreas destinadas a pacientes com Covid. Também foi a
abrigos à noite, quando os moradores já estavam dormindo.
O Conselho de Ética analisa as vistorias feitas pelo
vereador, mas até agora nenhum processo foi aberto. Outro ponto polêmico é o fato
de Gabriel Monteiro usar a prerrogativa do cargo em benefício próprio – para
ganhar dinheiro. Todas as supostas fiscalizações são filmadas e viram vídeos
monetizados em redes sociais.
"No caso do vereador Gabriel Monteiro, já chamamos pra
conversar, ele foi alertado sobre procedimentos incompatíveis, e o que vale
para um vale para todos. Não perseguimos ninguém, mas temos que agir com
firmeza com todos os casos”“, afirmou o vereador Chico Alencar (PSOL), membro
do Conselho de Ética.
Condenado a indenizar coronel
Conforme publicado na coluna de Ancelmo Góis, em O Globo,
na última quinta (1), Gabriel foi condenado na Justiça a pagar 40
salários-mínimos ao coronel da PM Íbis Souza Pereira.
O vereador fez um vídeo insinuando envolvimento do coronel
com os traficantes da Maré, onde Íbis foi dar uma palestra.
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