domingo, 4 de outubro de 2020

Bolsonaro e seu abraço em Toffoli.

POLÍTICA
Bolsonaro é chamado de "traidor" após abraço em Toffoli

Ala mais conservadora do eleitorado do presidente está incomodada com indicação de Kassio Marques para o STF

4 OUT    2020       15h15atualizado às 15h16
Foto: Reprodução

A ala mais conservadora do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro segue protestando contra a indicação de Kassio Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os apoiadores do presidente, o desembargador seria "de esquerda". A escolha, que teve a benção do Centrão, desagradou diversas alas do governo, como militares e evangélicos.
 
Um jantar reunindo Bolsonaro e Marques na casa do ministro do STF, Dias Toffoli, na noite deste sábado (3) voltou a despertar a ira de parte do eleitorado nas redes sociais. Ex-presidente do Supremo, Toffoli é uma das figuras mais criticadas pelo bolsonarismo, por conta de seu passado como advogado do PT e advogado-geral da União durante o governo Lula.
 
Uma foto que mostra um abraço entre Toffoli e Bolsonaro viralizou nas redes sociais e inspirou o hashtag "#BolsonaroTraidor", que já uma das mais utilizadas no Twitter neste domingo. Nas postagens, pessoas que se dizem apoiadores do presidente se dizem decepcionados com a aproximação do capitão da reserva com o Supremo e o Congresso e com a falta de apoio à Operação Lava Jato.
 
Presidente já havia sido chamado de "petista"
O movimento Vem Pra Rua, que apoiou Bolsonaro nas eleições em 2018, impulsionou, na última sexta-feira (2), a hashtag #BolsonaroPetista por meio de um vídeo que lamenta a escolha e acusa o mandatário de tomar decisões que lembram os governos do PT. Horas depois da divulgação desse conteúdo, a hashtag alcançou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
 
Na mesma linha, também se manifestaram contrários à decisão o líder, Paulo Ganime (NOVO-RJ), e vice-líder, Marcel van Hattem (NOVO-RS), do partido Novo, na Câmara. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado à igreja evangélica Assembleia de Deus, disse que o presidente desperdiçou metade de suas decisões voltadas ao Judiciário em seu mandato. Em 2021, Bolsonaro terá nova vaga aberta no STF para indicar um novo ministro após a saída de Marco Aurélio Mello.
 
A frustração do deputado Sóstenes é reverberada por praticamente todas as lideranças evangélicas, que apoiam Bolsonaro. Em 2019, o presidente havia prometido nomear alguém "terrivelmente evangélico" à Suprema Corte, o que não foi concretizado, ao menos nesta primeira indicação de Bolsonaro. Antes mesmo da confirmação de Kassio Marques para a vaga, o líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, iniciou uma campanha contra a indicação em suas redes sociais.
 
Nesta quinta-feira, 1º, o pastor publicou um vídeo afirmando ser "aliado de Bolsonaro, mas não alienado", e criticou Marques por suas supostas ligações com o Centrão e o governo da petista Dilma Rousseff. Hoje, Malafaia seguiu atacando a escolha de Bolsonaro. "O PT, toda esquerda, o Centrão, os corruptos e todos os que são contra a Lava Jato agradecem a nomeação de Bolsonaro para o STF", publicou o pastor.
 
Bolsonaro respondeu às críticas de Malafaia na manhã de hoje, em conversa com apoiadores. "Lamento muito que uma autoridade lá do Rio de Janeiro, que eu prezava muito, está me criticando muito, com videozinho me xingando de tudo o que é coisa. Essa infâmia em especial que essa autoridade lá do Rio de Janeiro está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque ele está fazendo isso porque queria que eu colocasse um indicado por ele". Malafaia, por sua vez, rebateu alegando que líderes religiosos e a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara "jamais pediram alguma nomeação para o STF".
 
* Com informações da Agência Estado
 

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