POLÍTICA
Bolsonaro é chamado de
"traidor" após abraço em Toffoli
Ala mais conservadora do eleitorado do
presidente está incomodada com indicação de Kassio Marques para o STF
4 OUT 2020 15h15atualizado às 15h16
Foto: Reprodução
A ala mais conservadora do eleitorado do
presidente Jair Bolsonaro segue protestando contra a indicação de Kassio
Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os apoiadores do
presidente, o desembargador seria "de esquerda". A escolha, que teve
a benção do Centrão, desagradou diversas alas do governo, como militares e
evangélicos.
Um jantar reunindo Bolsonaro e Marques
na casa do ministro do STF, Dias Toffoli, na noite deste sábado (3) voltou a
despertar a ira de parte do eleitorado nas redes sociais. Ex-presidente do
Supremo, Toffoli é uma das figuras mais criticadas pelo bolsonarismo, por conta
de seu passado como advogado do PT e advogado-geral da União durante o governo
Lula.
Uma foto que mostra um abraço entre
Toffoli e Bolsonaro viralizou nas redes sociais e inspirou o hashtag
"#BolsonaroTraidor", que já uma das mais utilizadas no Twitter neste
domingo. Nas postagens, pessoas que se dizem apoiadores do presidente se dizem
decepcionados com a aproximação do capitão da reserva com o Supremo e o
Congresso e com a falta de apoio à Operação Lava Jato.
Presidente já havia sido chamado de
"petista"
O movimento Vem Pra Rua, que apoiou
Bolsonaro nas eleições em 2018, impulsionou, na última sexta-feira (2), a
hashtag #BolsonaroPetista por meio de um vídeo que lamenta a escolha e acusa o
mandatário de tomar decisões que lembram os governos do PT. Horas depois da
divulgação desse conteúdo, a hashtag alcançou o primeiro lugar entre os
assuntos mais comentados no Twitter.
Na mesma linha, também se manifestaram
contrários à decisão o líder, Paulo Ganime (NOVO-RJ), e vice-líder, Marcel van
Hattem (NOVO-RS), do partido Novo, na Câmara. O deputado federal Sóstenes
Cavalcante (DEM-RJ), ligado à igreja evangélica Assembleia de Deus, disse que o
presidente desperdiçou metade de suas decisões voltadas ao Judiciário em seu
mandato. Em 2021, Bolsonaro terá nova vaga aberta no STF para indicar um novo
ministro após a saída de Marco Aurélio Mello.
A frustração do deputado Sóstenes é reverberada
por praticamente todas as lideranças evangélicas, que apoiam Bolsonaro. Em
2019, o presidente havia prometido nomear alguém "terrivelmente
evangélico" à Suprema Corte, o que não foi concretizado, ao menos nesta
primeira indicação de Bolsonaro. Antes mesmo da confirmação de Kassio Marques
para a vaga, o líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas
Malafaia, iniciou uma campanha contra a indicação em suas redes sociais.
Nesta quinta-feira, 1º, o pastor
publicou um vídeo afirmando ser "aliado de Bolsonaro, mas não
alienado", e criticou Marques por suas supostas ligações com o Centrão e o
governo da petista Dilma Rousseff. Hoje, Malafaia seguiu atacando a escolha de
Bolsonaro. "O PT, toda esquerda, o Centrão, os corruptos e todos os que
são contra a Lava Jato agradecem a nomeação de Bolsonaro para o STF",
publicou o pastor.
Bolsonaro respondeu às críticas de
Malafaia na manhã de hoje, em conversa com apoiadores. "Lamento muito que
uma autoridade lá do Rio de Janeiro, que eu prezava muito, está me criticando
muito, com videozinho me xingando de tudo o que é coisa. Essa infâmia em
especial que essa autoridade lá do Rio de Janeiro está fazendo contra o Kassio
é uma covardia. Até porque ele está fazendo isso porque queria que eu colocasse
um indicado por ele". Malafaia, por sua vez, rebateu alegando que líderes
religiosos e a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara "jamais pediram
alguma nomeação para o STF".
* Com informações da Agência Estado
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