Estudo identifica “efeito Bolsonaro” em
cidades mais afetadas pela Covid-19
Yahoo Notícias Redação Notícias
13 de outubro de 2020
O estudo mostrou que a Covid-19 provocou
mais mortes e teve maior incidência de casos em municípios mais favoráveis ao
presidente. (Foto: REUTERS/Adriano Machado TPX IMAGES OF THE DAY)
Um estudo realizado pela UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro) em parceria com o IRD (Instituto
Francês de Pesquisa e Desenvolvimento) identificou o que chamou de “efeito
Bolsonaro” na pandemia do novo coronavírus no Brasil.
De acordo com a pesquisa, divulgada
nesta segunda-feira (12) pelo jornal Folha de São Paulo, a covid-19 provocou
mais mortes e teve maior incidência de casos em municípios mais favoráveis ao
presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“O estudo mostrou que a Covid-19 causa
mais estragos nos municípios mais favoráveis ao presidente Bolsonaro”, destaca
o texto da pesquisa.
O levantamento cruzou dados da expansão do
vírus causador da Covid-19 com os resultados na votação em 1º turno nas
eleições presidenciais de 2018 nos 5.570 municípios brasileiros.
O efeito dessa comparação foi que, para
cada 10 pontos percentuais a mais de votos para Bolsonaro, existe um aumento de
11% no número de casos de contaminação pelo novo coronavírus e de 12% no número
de mortes provocadas pela doença.
“Podemos pensar que o discurso ambíguo
do presidente induz seus partidários a adotarem com mais frequência
comportamentos de risco (menos respeito às instruções de confinamento e uso da
máscara) e a sofrer as consequências.”, diz o texto.
De acordo com os pesquisadores, esse foi
o efeito que mais chamou a atenção, pois, em princípio, não haveria razão para
explicar o motivo de cidades que votaram mais em Bolsonaro terem
proporcionalmente mais mortes do que nos outros locais estudados.
“A argumentação que usamos no nosso
artigo é que provavelmente trata-se de 1 efeito da própria postura do
presidente, que minimizou o uso de máscara e a doença, chamando-a de
gripezinha”, afirma o professor João Luiz Maurity Sabóia, pesquisador envolvido
no estudo.
O resultado vai ao encontro com outro
estudo, feito por UFABC (Universidade Federal do ABC), FGV (Fundação Getúlio
Vargas) e USP (Universidade de São Paulo). Esse levantamento concluiu que a
taxa de isolamento social diminuiu no Brasil em praticamente todas as vezes que
Bolsonaro minimizou a pandemia.
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