Em debate no RJ, Crivella ressuscita
fake news do "kit gay" utilizada por Bolsonaro em 2018
Yahoo Notícias
2 de outubro
de 2020
Foto: Fabio Teixeira/NurPhoto via Getty
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Os dois principais adversários na
corrida pela Prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos) e Eduardo Paes
(DEM), evitaram o confronto direto e não ficaram frente a frente em nenhum
momento do primeiro debate eleitoral de 2020, na noite desta quinta-feira (1°),
transmitido pela TV Bandeirante.
Ainda assim, aproveitaram o debate com
outros candidatos para tecer críticas mútuas. Enquanto o prefeito Marcelo
Crivella insistiu na herança negativa que teria recebido de Paes, seu
antecessor no cargo, o candidato do DEM criticou a capacidade de gestão do
bispo.
Os demais nove candidatos presentes
também concentram os ataques em Paes e Crivella, os mais cotados para chegar ao
segundo turno.
Em suas falas ao longo do debate,
Crivella defendeu sua administração, especialmente no que diz respeito ao
combate da pandemia do novo coronavírus.
Uma das estratégias de campanha do
prefeito é enaltecer sua atuação durante a crise --aliados acreditam que
Crivella teve um bom desempenho, ganhou visibilidade e aumentou sua
popularidade com o eleitor. "O Rio fez, em 25 dias, um hospital de
campanha. Quem fez isso?", disse.
O prefeito também afirmou que Paes
entregou a cidade quebrada financeiramente, cheia de dívidas acumuladas após o
ciclo de grandes eventos.
Apesar da proximidade construída com o
presidente Jair Bolsonaro (sem partido), um dos trunfos da campanha, Crivella
não fez esforços diretos para colar sua imagem à do presidente.
O prefeito, no entanto, fez acenos a
temas caros ao eleitor conservador e bolsonarista. Em dado momento, perguntou a
Renata Souza, candidata do PSOL, qual o posicionamento dela sobre a ideologia
de gênero e o combate às drogas.
Renata rechaçou o tema, respondendo que
os cariocas morrem na porta dos hospitais, e que não fazia sentido falar sobre
ideologia de gênero nesta situação. Crivella, então, ressuscitou a acusação
falsa de que partidos de esquerda quiseram introduzir o "kit gay" nas
escolas --tema utilizado por Bolsonaro na campanha em 2018.
Crivella também acenou ao eleitorado
evangélico, com referências como "parece que cheguei ao céu" e
"multiplicamos o pão e o peixe".
Em uma resposta sobre a situação
financeira do município, Paes buscou deixar claro que, caso eleito, manterá o
diálogo com Bolsonaro. "Eu vou me dar bem com o governo federal, com o
governo estadual", disse.
O ex-prefeito usou o espaço para atacar
a administração de Crivella, criticando a situação da saúde, do BRT e o
desemprego. Buscou, ainda, manter a imagem de um bom gestor, que conhece os
problemas da cidade.
"A gente sabe que não era tudo
perfeito, mas na nossa gestão as coisas eram muito melhores, porque a gente
conhece os problemas e sabe como administrar", afirmou.
O principal embate da noite ocorreu
entre Paes e a delegada Martha Rocha (PDT), deputada estadual, também bem
cotada para uma vaga no segundo turno.
Martha afirmou que o ex-prefeito deixou
um rombo de R$ 320 bilhões em 2016, e o criticou por não ter aproveitado melhor
os investimentos recebidos com a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
"O senhor endividou a prefeitura,
não concluiu obras. Era seu dever deixar essa cidade como referência na educação
e saúde pública", disse.
Paes respondeu que a deputada não havia
estudado corretamente as contas da prefeitura, e insinuou que a candidata
poderia não "entender direito" o que ele estava dizendo.
Martha rebateu: "Esse seu jeito
debochado e desrespeitoso, malandro de ser, o carioca não aguenta mais
não".
A deputada utilizou, ainda, duas frases
prontas contra Paes ao longo da discussão: "Seu filme não vale a pena ver
de novo" e "Existe vida além de Eduardo Paes".
O ex-prefeito lembrou que os R$ 320
bilhões de rombo alegados pela candidata representam dez vezes a receita anual
da prefeitura. "Isso não é zombar, não quis ofendê-la, mas é importante
conhecer os números."
*** Por Ana Luiza Albuquerque, da
Folhapress
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