09/out/20 - 09h09
Em sintonia com Bolsonaro, Lula decide
contar a verdade
FARINHA DO MESMO SACO Bolsonaro é o Lula
com sinais trocados: dois populistas e extremistas (Crédito: Alan Santos)
Sobre o autor
Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista
e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar,
reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu
temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.
Ao que parece, como nos filmes de ficção
científica em que vilões insistem em destruir o mundo, mas são sempre impedidos
pelos super-heróis, aos 55 minutos do segundo tempo (por causa do VAR eu
atualizei o jargão), alguma substância espalhada no ar, na água ou na comida,
pelo malvado Sincerão de Banânia – um vilão do bem, se é possível tal
contrassenso -, anda causando “saias justas” nas altas castas da política
nacional.
Primeiro foi o atual presidente da
República, Jair Bolsonaro – pai de Flávio Rachadinha, o maior vendedor de
panetones, em dinheiro vivo, do mundo, e marido de Micheque, digo, Michelle, a
primeira-dama que recebeu dezenas de depósitos do amigão de décadas, Fabrício
Queiroz, e até hoje não explicou o porquê – que admitiu ter acabado com a Operação
Lava Jato, já que não existiria qualquer tipo de corrupção em seu governo.
Governo?
Agora foi a vez do corrupto e lavador de
dinheiro Lula da Silva, político que comandou o maior esquema de corrupção da
história do Ocidente democrático, criminoso duplamente condenado a quase 30
anos de prisão, solto provisoriamente pelos apadrinhados políticos do STF, que,
ao vivo e em cores, numa “live”, disse: “Eu já tenho idade demais, eu já vivi
demais, eu já tenho experiência demais, e eu não vou enganar o povo mais uma
vez”
Eis duas confissões inquestionáveis. Se,
por atos falhos ou ataques de sinceridade, pouco importa. Mas Lula e Bolsonaro
admitiram, por vias tortas, a que vieram. O primeiro, reconheceu que já enganou
o povo. O segundo, que destruiu a Lava Jato. O primeiro, não só enganou como
roubou. O segundo, até o momento, apenas enganou, já que prometeu combater a
corrupção e hoje é aliado dos eternos malfeitores.
Espero que este “soro da verdade” se
espalhe por aí. Adoraria ouvir outras histórias inconfessáveis. Poderiam ser de
Gilmar Mendes, Ciro Gomes, Aécio Neves ou outras personagens, digamos,
polêmicas do nosso habitat político. Imaginem, por exemplo, Ricardo Lewandowski
admitindo que, ao lado de Renan Calheiros, rasgou a Constituição Federal para preservar
os direitos políticos de Dilma Rousseff.
Ou Dias Toffoli explicando por que era
chamado de “amigo do amigo de meu pai”. Que tal Rodrigo Maia esclarecendo o
apelido “Botafogo”, nas planilhas de propina da Odebrecht? Ou Gleisi Hoffmann,
a “Amante” nas mesmas planilhas, contando o que o então marido, Paulo Bernardo,
fez no verão passado com os aposentados? Seria, também, sensacional ouvir um
bate-papo entre Sergio Cabral e Eduardo Cunha.
Vejamos quem será o próximo “sincerão”
da rodada. Quem falar a verdade três vezes pede música no Fantástico. Minha
sugestão: Alô, Alô, de Carmen Miranda. “Responde, responde com toda a
sinceridade”. Ou então, Aurora, antiga marchinha de Carnaval composta pelo
genial Mário Lago: “se você fosse sincera, ôôôô, Aurora”. Vixe, é bom eu parar.
Tô me sentindo meio antiquado. Sendo sincero, muito antiquado, hehe.
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