CALÚNIA
Arthur do Val é condenado pela Justiça
Eleitoral após atacar padre Júlio Lancellotti
O youtuber e candidato do Patriota à
prefeitura de São Paulo foi obrigado a apagar todos os seus vídeos sobre o
padre
Caroline Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 01 de outubro
de 2020 às 14:05
Procurado pelo Brasil de Fato, Arthur do
Val confirmou que se referiu ao padre como "cafetão da miséria" –
Reprodução
O candidato à Prefeitura de São Paulo
pelo Patriota, Arthur do Val, mais conhecido como “Mamãe falei”, foi condenado
pela Justiça Eleitoral a apagar todos os seus vídeos sobre sobre o padre Júlio
Lancellotti, além de se abster de divulgar novamente conteúdos que façam
referência ao padre.
A decisão foi assinada pelo juiz Emílio
Migliano Neto, na manhã desta quinta-feira (1º), em regime de tutela de
urgência, como solicitado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). De acordo
com o órgão, o conteúdo também fazia referência a propaganda eleitoral
antecipada, o que é proibido pela legislação.
Na decisão, o magistrado considerou a
versão do MPE de que do Val “passou a produzir propaganda eleitoral antecipada
e vedada em que, seguidamente, calunia, difama e injuria o Padre Júlio Renato
Lancellotti, objetivando tornar-se mais conhecido do eleitorado, ao criar
polêmica em relação à figura publica do referido padre”.
Parte da decisão da Justiça Eleitoral /
Reprodução
Ataques
O padre Júlio Lancellotti, conhecido por
sua atuação junto à população em situação de rua, em São Paulo (SP), tem sido
alvo de ameaças e xingamentos. No dia 15 de setembro, enquanto trabalhava em
uma praça da Mooca, zona leste da capital paulista, um motoqueiro passou e
gritou “padre filho da p**** que defende nóia!”.
“Depois de ataques de alguns candidatos
à Prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Se me acontecer
alguma coisa, se alguém me atingir, vocês sabem de quem é a culpa, quem
cobrar”, disse o padre em vídeo publicado nas redes sociais
Recentemente, Arthur do Val atacou
Lancellotti nas redes sociais, após acompanhar uma ação repressiva da Guarda
Civil Metropolitana na região conhecida como cracolândia, no centro da cidade.
“Até quando esse cafetão da miséria vai
achar que é dono da verdade enquanto milhares de brasileiros sofrem com a
cracolândia? Anotem: vou desmascará-lo”, afirmou o candidato.
Procurado pelo Brasil de Fato, Arthur do
Val confirmou que se referiu ao padre como "cafetão da miséria".
"Ele [Júlio Lancelotti] é nocivo e minha proposta é totalmente diferente
em relação à dele. Eles atacam minha pessoa, tentam me desqualificar mas, se
você não pode fazer uma crítica política, aí é uma ditadura. Em nenhum momento
da minha vida fiz ameaça ou incitação à violência e não incentivei outra pessoa
a fazer contra o padre ou contra qualquer outra pessoa", disse o candidato
por telefone, no meio do setembro.
Histórico
Não é a primeira vez que Lancellotti é
alvo de ataques. Em março de 2018, internautas começaram a propagar ofensas e
ameaças, inclusive de morte ao líder religioso em grupos e em seu perfil no
Facebook. Em uma delas, o agressor diz “morte ao padreco”. “Tem que começar
mandando esse padre pro inferno, e depois seus seguidores…”, diz outro
comentarista, sendo saudado com aplausos virtuais.
Lancellotti tem 71 anos, dos quais quase
36 dedicados à causa da população em situação de rua e outros grupos marginalizados.
Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, na Mooca, o padre é vigário episcopal
para a população de rua da Arquidiocese de São Paulo.
Edição: Rodrigo Chagas
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