Por Nospheratt | Jan 28, 2008 em Inspire-se, Organizando a Vida
Ousar é o verbo. Coragem o substantivo. Hoje, sempre, os advérbios.
Nunca pensei em mim mesma como uma pessoa ousada. Aliás, esse é um conceito bastante “demodé” hoje em dia: qualificar alguém como ousado.
Esse termo nos remete à épocas passadas, quando se usavam palavras como galhardia, cavalheirismo, casadoira e fósseis afins.
E no entanto… procurando um ângulo para este texto, percebi que sim, sou uma pessoa ousada. Tanto no sentido positivo como no sentido pejorativo da palavra – dependendo do ponto de vista de quem me observa.
O que me levou do microcosmo – eu – ao macrocosmo – a sociedade, a humanidade. Quanto de nós se perde por falta de ousadia?
Ousadia – Definição
Mas primeiro vamos definir o que é ousar. O dicionário diz:
Ousar v. tr., atrever-se a;
ter a ousadia, a coragem de;
empreender, abalançar-se.
ter a ousadia, a coragem de;
empreender, abalançar-se.
E ainda:
Ousadia s. f., qualidade do que é ousado;
ato audacioso;
atrevimento;
destemor;
arrojo;
coragem;
audácia;
galhardia.
ato audacioso;
atrevimento;
destemor;
arrojo;
coragem;
audácia;
galhardia.
Empreender, atrever-se a; ato audacioso, destemor, coragem. Palavras grandiosas, muito distantes do nosso dia-a-dia, não é? Não deveria ser assim. Retomo minha pergunta:
Quanto de nós se perde por falta de ousadia?
Perdemos oportunidades; não ousamos tentar, por medo de errar. Perdemos afetos; não ousamos amar. Perdemos pessoas; não ousamos dizer “eu te amo”, “você é importante”. Perdemos descobertas; não ousamos experimentar coisas novas.
Perdemos tempo; não ousamos dizer não, nem sim. Perdemos personalidade; não ousamos “sacudir o barco”, dizer o que realmente pensamos. Perdemos vida, por que não ousamos viver. Sem uma certa dose de ousadia, a vida nada mais é do que um tedioso corredor da morte.
Há que se diferenciar ousadia de comportamento impensado (e até mesmo estúpido). Ousar é uma arte. Se você está pensando que ousar é dizer umas quantas verdades ao seu chefe, sem pensar nas consequências, está muito enganado!
A ousadia frutífera tem dois pilares: a coragem e a inteligência. Por tanto, não venha se queixar se acabar jogando fora seu emprego, inspirada no meu texto!
Ousadia: Medo X Coragem
Quando se trata de ousar, estamos falando de dar um passo em direção ao desconhecido, e o medo quase sempre se faz presente – se você tem um mínimo de bem senso e instinto de auto-conservação, claro. Aqui entra em cena um famoso clichê-verdade: coragem não significa não sentir medo, mas seguir em frente apesar do medo.
Nem todo mundo tem capacidade para isso. A covardia, o comodismo, a mediocridade, são moedas correntes na nossa sociedade. Aprendemos desde cedo a “deixar pra lá”, a escolher o caminho mais fácil, a baixar a cabeça, a seguir a opinião da maioria, a “encaixar”.
Somos ensinados a permitir que a atração natural que sentimos pelo que é prazeiroso, bloqueie nossa aceitação de experiências menos agradáveis. Rejeitamos a mudança porque ela nos causa insegurança. Concordamos com o outro, com o único intuito de evitar o confronto. Evadimos a todo custo qualquer tipo de problema ou desconforto; vivemos no que eu chamo de “mentalidade de boiada”.
Nem só de Prazer Vive o Homem
A busca do prazer acima de todas as coisas, e a rejeição de tudo o que não produz prazer, é um estágio infantil da psicologia humana.
Após uma certa idade (que eu localizaria nos anos que transitam entre o final da adolescência e o começo da idade adulta) o ser humano deveria amadurecer, e aprender que a vida é mais do que somente prazer.
A partir daí é que a arte de ousar pode ser exercida com consciência, de forma produtiva e frutífera. As crianças ousam por instinto; por necessidade de conhecer o mundo que as rodeia e estabelecer seus limites; por completa ignorância dos riscos inerentes aos seus atos.
E aí temos outra diferença, que expressa o quanto uma pessoa cresceu e amadureceu. A criança ousa para saber quem é. O adulto necessita saber quem é, para poder ousar.
É Preciso Auto-conhecimento
Explico: somente sabendo quem você é – quais são suas fortalezas e debilidades, suas virtudes e defeitos, seus princípios e expectativas, quê coisas são importantes para você – poderá definir com propriedade o que realmente deseja, quanto está disposto a arriscar, o que é inaceitável, e de quais coisas está disposto a abrir mão.
Baseando-se nessa claridade, é que se pode ousar, não com segurança (o que seria uma incongruência) mas com consciência.
Lembre-se: ousar é um risco, uma aposta; não há garantias, é impossível ganhar sempre. Perder faz parte do jogo. Você decide quanto quer arriscar.
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