PF
aponta indícios de que cota parlamentar de Sóstenes e Jordy foi usada para
'despesas inexistentes'
Segundo
as investigações, esquema teria contado com funcionários comissionados e
empresas de fachada. Saque de recursos ocorreu de forma 'fracionada', método
utilizado para dificultar fiscalização. Assessores do PL e familiares teriam
movimentado R$ 27 mi em 2 anos.
Por
Márcio Falcão, Isabela Camargo, Fábio Amato, Camila Bomfim, TV Globo e
GloboNews — Brasília
19/12/2025
09h34 Atualizado há 3 horas
A
Polícia Federal encontrou indícios de que as cotas parlamentares dos deputados
Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, e Carlos Jordy (PL-RJ) foram
utilizadas para cobrir "despesas inexistentes" e
"irregulares".
💵A Cota para o Exercício da Atividade
Parlamentar, popularmente chamada de "cota parlamentar", é uma verba
mensal destinada exclusivamente a reembolsar as despesas que deputados federais
e senadores têm para realizar seu trabalho.
A
informação está na decisão do ministro Flávio Dino, que autorizou a Operação
Galho Fraco, realizada nesta sexta-feira (19). Policiais federais cumpriram
mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos dois parlamentares e de
assessores.
Conforme
as investigações, o esquema de desvio da cota parlamentar contou com a
participação de funcionários comissionados dos gabinetes de Sóstenes e Jordy e
uso de empresas de fachada.
De
acordo com informações da Polícia Federal, verbas de cota parlamentar eram
sacadas e depositadas de forma fracionada, em quantias não superiores a R$
9.999,00 – método conhecido como "smurfing", comumente utilizado para
despistar a fiscalização da aplicação dos recursos.
🔎O "smurfing" (ou
estruturação) é uma técnica de lavagem de dinheiro que consiste em fracionar
grandes quantias de dinheiro em várias pequenas operações (saques ou depósitos)
para evitar os sistemas de controle das autoridades financeiras.
Policiais
federais citam conversas de WhatsApp entre os envolvidos que mencionam
"pagamento por fora" por parte dos investigados.
"Há
elementos indiciários de que os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos
Jordy teriam desviado recursos da cota parlamentar por intermédio dos
servidores comissionados – notadamente Adailton Oliveira dos Santos e Itamar de
Souza Santana – utilizando, para o sucesso da empreitada, empresas como a Harue
Locação de Veículos LTDA ME e a Amazon Serviços e Construções LTDA", diz
trecho da decisão de Flávio Dino.
"Tendo
em vista elevados montantes movimentados pelos assessores parlamentares, é
possível que haja outros vínculos ainda não identificados", completa o
documento, cujo sigilo foi retirado por Flávio Dino.
Segundo
o despacho do ministro, diálogos localizados pela Polícia Federal indicam um
conluio entre os funcionários Itamar de Souza Santana e Adailton Oliveira dos
Santos, assessores dos parlamentares.
"Referida
trama visaria conferir falsa aparência de legalidade à contratação da empresa
Harue, que seria de propriedade de fato do próprio Itamar e gerenciada por seus
familiares com o intuito de receber verbas da Câmara dos Deputados", diz
outro trecho da decisão de Dino.
OUTRO
LADO: O deputado Carlos Jordy publicou uma nota e um vídeo nas redes sociais,
dizendo que é vítima de perseguição e que a empresa citada é usada por eles
desde o início do mandato. Sóstenes Cavalcante ainda não se manifestou.
R$
27 milhões movimentados por assessores do PL
Em
relatório enviado ao STF, a PF também aponta uma movimentação, nos anos de 2023
e 2024, de mais de R$ 27 milhões sem origem identificada.
São
valores movimentados por assessores do PL e familiares. A PF considera as
transações suspeitas.
"Constatou-se
a movimentação total de R$ 11.491.410,77 em créditos e R$ 11.486.754,58 em
débitos, com maior concentração nos anos de 2023 e 2024. Parte expressiva
dessas transações permanece sem identificação de origem ou destino,
especialmente aquelas classificadas como ‘pagamentos diversos’ e ‘lançamento
avisado’", diz a PF.
"Verificou-se,
ainda, que R$ 2.789.526,93 foram remetidos a beneficiários não identificados,
sob a rubrica ‘NOME NÃO IDENTIFICADO’. O conjunto dessas movimentações -
marcado por alto volume, repasses ágeis e utilização recorrente de meios
eletrônicos de pagamento - mostra-se incompatível com a capacidade econômica
declarada do titular, considerando-se seu vínculo funcional e contexto
familiar”, completou o órgão.
A
OPERAÇÃO
Segundo
as investigações, os deputados são suspeitos de desviar verba pública para
empresas de fachada, entre elas, uma locadora de veículos.
De
acordo com o blog da Camila Bomfim, no g1, a PF chegou aos parlamentares após
análise do material colhido em operação que mirou assessores deles, em 2024.
Mensagens de celular, depoimentos e quebras de sigilo levaram aos indícios
contra os parlamentares.
De
acordo com as investigações, agentes políticos, servidores comissionados e
particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio dos valores do
orçamento público e posterior ocultação de verba pública.
A
ação desta sexta é um desdobramento da operação Rent a Car, deflagrada em
dezembro do ano passado, e apura os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e
organização criminosa.
Policiais
federais cumprem sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro
Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Distrito Federal e no Rio de
Janeiro.
Link
da reportagem: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/12/19/pf-aponta-indicios-de-que-cota-parlamentar-de-sostenes-e-jordy-foi-usada-para-despesas-inexistentes.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=canais&utm_campaign=g1


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