terça-feira, 7 de outubro de 2014

Os 20 anos de Bedtime Stories!

Billboard publicou uma matéria para relembrar o álbum Bedtime Stories, que completará 20 anos de seu lançamento, e convidou o produtor Babyface e a backing vocal Donna De Lory para falarem um pouco sobre como foi realizar esse trabalho com Madonna. Confira a tradução:

Nesse mês, há vinte anos Madonna lançava o seu sexto álbum de estúdio, Bedtime Stories, um clássico que saiu de uma forte encruzilhada de sua carreira. Ela não precisava de fama em 1994 e seu álbum anterior, Erotica, teve certas críticas devido o seu apelo. Pela primeira vez numa década de estrelato, as pessoas não estavam mais chocadas por suas atitudes, e pior, pareciam estar exaustas delas.

Artisticamente falando, ela gastou os últimos quatro anos mudando e subvertendo o puritanismo sexual na América. Mas depois de lançar um livro chamado SEX, contendo suas fotos nuas e de outras celebridades, ela não parecia ter outro lugar para seguir.

A aparição bombástica em David Letterman em março de 1994, em que disse inúmeros palavrões ao vivo e acumulou dezenas de queixas formais de espectadores, a distanciou mais da América puritana. O filme Evita só aconteceu dois anos depois, a sexualidade explícita de Erotica crescia e quando Bedtime Stories saiu, sua carreira estava num ponto discutível.

Para ser objetivo, Bedtime Stories é liricamente e musicalmente um álbum muito mais encantador. Ela deixou de lado algumas palavras de duplo sentido obscenas (compare Where Life’s Begin com Inside of Me) e focou em questões biográficas.

Enquanto Erotica tinha uma sonoridade mais fria e uma batida pop, Bedtime colocou Madonna num território suave. Há a bela batida de Secret, a inovadorra Bedtime Story, co-escrita por Bjork, a suingada em I’d Rather Be Your Lover, com participação de Meshell Ndegeocello, a balada Sanctuarycom sample de Herbie Hancock e a exuberante orquestra R&B de Take a Bow.

Mas o som mais suave não necessariamente significa letras suaves. Em Human Nature Madonna assume as críticas mais diretamente do que nunca, enquanto Survival, que abre o álbum, é uma acolhedora canção pop R&B com uma letra também cheia de atitude.

O som convidadativo em R&B de Bedtime Stories é devido em parte ao co-produtor Dallas Austin, que a backing vocal Donna De Lory descreve como “parte da sua tribo naquela época”. Também teve produção de Nellee Hooper, Dave “Jam” Hall e claro, Babyface.

Babyface trabalhou com TLC e Toni Braxton e ele disse à Billboard que foram esses hits que chamaram atenção de Madonna. “Madonna era fã de uma canção que fiz chamada When Can I See You. E foi através dela que se interessou a trabalhar comigo. Ela queria baladas exuberantes e fomos trabalhar atrás disso.”
Ele iria trabalhar com Madonna em três canções, duas delas foram Forbidden Love e Take a Bow, essa última que tornou-se a música de maior duração no topo da Billboard.

“Eu não ficava pensando nas paradas. Eu acho que eu estava mais admirado em estar trabalhado de fato com Madonna. Inicialmente foi surreal, mas depois que você conhece um pouco mais a pessoa, você se acalma e em seguida é só trabalhar. E o trabalho torna-se divertido”, comenta ele.

Quando Babyface tocou a primeira estrutura do que seria a demo de Take a Bow, Madonna imediatamente gostou. “Era só uma batida e uma acorde. A partir daí a canção foi construída. Eu vivia na época em Beverly Hills e tinha um pequeno estúdio em casa, e Madonna ia para escrevermos as letras.”

Quanto a “Forbidden Love”, ele recorda que o processo foi similar. “Ela ouviu a faixa básica e tudo começou a sair em seguida, melodias e tudo. Foi um processo muito mais fácil do que eu pensava que seria.”

Donna De Lory no entanto, disse que não ficou surpresa com a facilidade que Bdtime Stories veio. Ela e a outra backing vocal, Niki Harris, foram chamadas para trabalhar na faixa Survival, co-escrita por Austin. Até aí, fazia sete anos que ela trabalhava com Madonna.

“No momento em que pisávamos no estúdio, já recebíamos a letra. Essa era a atmosfera, nós não estávamos lá para apenas nos encontrar. Era divertido, mas estávamos ali para trabalhar”, disse Donna.
E no que Madonna se propõe a fazer, é bem-sucedida. Donna lembra que a sessão de gravação de Survival demorou apenas algumas horas e não precisou de novas gravações.

Semelhante ao que Babyface disse, Donna descreve que trabalhar com Madonna é uma parceria criativa. “Uma vez que ela tenha explicado suas ideias, ela esta pronta para ouvir sugestões. Ela é tão específica e articulada e já tem o som que quer na sua cabeça, mas depois podemos sugerir coisas, e sempre temos ideias também. Foi assim que propusemos adicionar o “survival” de fundo numa parte da música.”

O resultado dessa sessão é perfeita para abrir o álbum. Um sedutor hino com declaração de intenções. “Eu nunca serei um anjo, eu nunca serei uma santa, é verdade. Estou tão ocupada sobrevivendo; se é o céu ou inferno, eu vou vivendo para contar”, canta Madonna acenando aos críticos e deixando-os de lado.

Falando dos críticos, o álbum recebeu muitas resenhas positivas, especialmente quando comparados aos seus álbuns anteriores, Erotica e I’m Breathless. E foi similar o sucesso nos charts, onde estreou na terceira posição do Billboard 200. O primeiro single, Secret, alcançou a terceira posição.

Mas foi o segundo single do álbum, Take a Bow, que foi o seu maior hit. Ficou no topo da parada Hot 100 da Billboard por sete semanas consecutivas, sendo o 11 hit da carreira e o com maior duração. Depois do sucesso sem ressalvas de Take a Bow, os próximos dois singles foram Bedtime Story e Human Nature e são os primeiros singles na década a não entrar o Top 40.

Madonna apresentou ao vivo a canção Take a Bow com Babyface no American Music Awards em 1995, uma experiência que ele próprio diz ter sido aterrorizante. “Eu estava muito nervoso! Mas ainda bem que não dava para ver minhas pernas tremendo embaixo do terno que vestia. Quando nós acabamos, Madonna me disse que nunca ficou tão nervosa antes. E isso foi muito louco para mim. Fiquei pensando, “Você é a Madonna! Está toda hora no palco!”, relata ele.

Hoje em dia Madonna está gravando um novo álbum, que será lançado em 2015, e Babyface trabalha na produção de um outro incomparável ícone: Barbra Streisand. Olhando vinte anos atrás, ele diz que a experiência de Bedtime Stories foi surreal. “Hoje quando penso nisso, é difícil acreditar que eu mesmo fiz aquilo com Madonna. É sempre bom fazer parte de um álbum que é um clássico. Mas na hora você nunca sabe quando faz parte. Só o tempo pode dizer”, revelou Babyface.

Donna De Lory parou de se apresentar com Madonna em 2007. Hoje em dia está seguindo sua própria carreira e lançou recentemente o álbum The Unchanging. Relembrando seu tempo com Madonna, ela ainda tem admiração pela imersão dela durante o processo de gravação.

“Eu ficava sempre espantada com sua habilidade em focar na intonação e ritmo de nossos vocais. Quando você trabalha com Madonna, você tem que estar muito antenado. Ela é muito presente, sabia o que queria, conseguiu o que queria e seguiu em frente”, conclui Donna.

Fonte: www.madonnaonline.com.br
http://www.billboard.com/articles/news/6274138/madonna-bedtime-stories-20-babyface-donna-de-lory-retrospective

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