Volta às aulas após quarentena: veja 10
medidas adotadas em 8 países para a retomada do ensino
No Brasil, as aulas estão suspensas em
todos os estados e escolas seguem fechadas.
Por Elida Oliveira e Letícia Macedo, G1
29/05/2020 05h01 Atualizado há 4 meses
Alunos do ensino médio voltam à sala de
aula em Wuhan, na província de Hubei, na China, nesta quarta-feira (6) — Foto: AFP
Após decretarem o afrouxamento do
isolamento social para conter a transmissão do novo coronavírus, países que
estão voltando às aulas adotam medidas de prevenção para evitar uma nova onda
de contaminação.
O G1 analisou a experiência de países como
China, Coreia do Sul, Dinamarca, Finlândia, França, Inglaterra, Israel, e
Portugal para saber quais cuidados estão sendo tomados na volta às aulas. No
Brasil, as aulas estão suspensas em todos os estados e as escolas seguem
fechadas.
Entre as medidas, estão:
- desinfecção de escolas
- tendas de desinfecção dos alunos na entrada
- controle de temperatura
- uso de máscaras
- lavagem de mãos e instalação de torneiras
- grupos menores de alunos
- distanciamento
- horários diferentes de entrada e saída
- arejar a sala
- afastar professores do grupo de risco
Apesar dos esforços, o retorno nem
sempre é consenso. O governo da Inglaterra anunciou a reabertura das escolas
para a próxima segunda-feira (1º), mas encontra resistência em parte das
instituições, que afirmam que não vão reabrir.
"10% das escolas estão dizendo que
não vão reabrir segunda. Houve protestos de pais da Dinamarca pouco antes da
reabertura e, na Polônia, 300 prefeitos se uniram para protestar contra a volta
às aulas", afirma Tatiana Filgueiras, vice-presidente de Educação e
Inovação do Instituto Ayrton Senna, que mora na Itália e acompanha de perto a
divulgação dos impactos na educação durante a pandemia.
Em sua análise, a volta às aulas é
gradual em cada país e demanda planejamento para uma nova situação. "Os
países analisam várias questões sobre retorno: em geral priorizam os mais
novos, para os pais voltarem ao trabalho, e jovens do ensino médio, por causa
dos processos seletivos. Não volta todo mundo junto. E é consenso que nada abre
como era antes. Por exemplo, abrem escalonando aluno, com menos crianças por
sala. Isso demanda mais espaço e mais professores. Ao mesmo tempo, não é 100%
dos professores que voltam. Há aqueles no grupo de risco. Por outro lado, é
preciso mais professores. Se antes havia um por turma de 20 crianças, agora
dividem esta turma em duas ou três. Na Ásia, há grupos de 4 a 5 alunos. Há
higienização até dos sapatos das crianças", afirma.
Ainda assim, ao menos dois dos países
analisados voltaram a registrar casos de transmissão de coronavírus: Coreia do
Sul e França.
Na Coreia do Sul, mais de 200 escolas
foram fechadas nesta sexta-feira (29) dias após reabrirem, devido ao surgimento
de novos casos de contaminação. Com isso, Seul adotou novas medidas para evitar
a transmissão de casos, como limitar o número de alunos por sala, enquanto os
demais ficam em casa, aprendendo por atividades remotas.
Na França, 40 mil escolas foram
reabertas no início de maio. Uma semana depois, 70 registraram casos de
coronavírus e tiveram que ser fechadas.
As regras de confinamento impostas para
conter o avanço da disseminação do novo coronavírus deixaram mais de 1,5 bilhão
de crianças e adolescentes fora da escola em 188 países, segundo balanço da
Unesco divulgado em abril.
Desinfecção de escolas
20 de maio - trabalhador desinfeta
escola em Parque Ivory, na África do Sul. — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters
Medidas extras de limpeza são uma
recomendação comum. Em diversas partes do mundo, a desinfecção das escolas
ocorre antes dos alunos chegarem e durante a permanência deles.
Em Portugal, 17 mil litros de
desinfetantes e outros equipamentos de proteção e higiene foram distribuídos
para centros educacionais.
Na França, as orientações do Ministério
da Educação contêm inclusive quais produtos a serem utilizados para desinfecção
das escolas e a frequência da higienização: o chão deve ser limpo uma vez por
dia enquanto maçanetas, sanitários e interruptores devem ser higienizados
várias vezes.
Tenda de desinfecção dos alunos
China tem volta às aulas do ensino médio
com medidas de segurança e medo do coronavírus. — Foto: GREG BAKER / AFP
Na China, escolas instalaram tendas de
desinfecção por onde os estudantes precisam passar antes de entrarem na escola.
Controle de temperatura
Termômetro usado para medir a
temperatura das pessoas e fazer controle da Covid-19.. — Foto: Steve Parsons /
Pool / AFP
O controle da temperatura para detectar
se o aluno está com febre, um dos mais comuns sintomas da Covid-19, é uma
preocupação em vários países.
Na China e na Coreia do Sul, os
estudantes passam por checagem sistemática de temperatura corporal.
Em Pequim, pulseiras inteligentes, que
fazem essa medição em tempo real, estão sendo testadas. Os pais monitoram a
situação por meio de um aplicativo. Caso a temperatura passe de 37ºC, um alerta
é enviado para os professores, que são orientados a alertar a polícia.
Uso de máscara
China retoma aulas do ensino médio em
Pequim e Xangai nesta segunda-feira (27). — Foto: GREG BAKER / AFP
O uso de máscaras em geral também é
recomendado, mas os critérios variam de país para país.
Na China, as crianças utilizam máscaras
o tempo todo, inclusive dentro da sala de aula.
Coronavírus na educação: na França,
professora leciona com máscara nesta segunda-feira (18). — Foto: Sebastien
Bozon/AFP
Em Israel, as crianças da 4ª série em
diante tem que usar essa proteção. Na França, as crianças menores também estão
dispensadas. No entanto, a escola deve ter máscaras à disposição dos alunos
caso eles apresentem sintomas durante as aulas e estejam aguardando para serem
retirados.
Uma exceção é a Dinamarca, país onde não
existe a recomendação para utilização de máscaras em ambientes públicos.
Lavagem de mãos e instalação de
torneiras
Crianças lavam as mãos na escola
Gudenåskolen, na Dinamarca — Foto: Lone Mathiesen/ Divulgação/ Embaixada da
Dinamarca no Brasil
O incentivo à higiene e lavagem de mãos
está sendo constante nas escolas que voltam às aulas.
Na Dinamarca, as escolas chegaram a
instalar torneiras fora dos edifícios para que as crianças lavem as mãos quando
chegam à escola.
Em Portugal, é obrigatório a lavagem das
mãos ao entrar e sair da escola. Na Coreia do Sul, os estudantes receberam
material desinfetante para higienizar as mãos.
Grupos menores de alunos
18 de maio de 2020 - Alunos usam máscara
em sala de aula no colégio D. Pedro V, em Lisboa, no dia em que parte dos
estudantes volta a ter aula em meio à pandemia do novo coronavírus (COVID-19)
em Portugal — Foto: Rafael Marchante/Reuters
Alguns países adotaram a medida de
dividir os estudantes em grupos menores para evitar contatos mais próximos
entre eles, como na Finlândia.
Na Dinamarca, as turmas, que têm entre
20 e 28 alunos, foram divididas para que os alunos possam interagir apenas
dentro desse espectro menor.
Em Seul, na Coreia do Sul, os jardins de
infância e escolas do ensino básico, fundamental e médio poderão receber apenas
um aluno a cada três e os demais terão que seguir com o ensino a distância.
Distanciamento
15 de maio - Estudantes conversam
enquanto praticam o distanciamento social no pátio de uma escola secundária
durante sua reabertura em Bruxelas, na Bélgica, durante o surto do coronavírus
(COVID-19) — Foto: Yves Herman/Reuters
Em geral, as salas de aula foram
reorganizadas de maneira que as mesas dos alunos fiquem a pelo menos um metro
de distância entre elas. A recomendação é feita pelos governos da França,
Dinamarca. Em Israel, essa distância é de dois metros.
Na Dinamarca, além da distância de um
metro entre as mesas dos alunos, o professor deve ficar a dois metros do
estudante que senta mais próximo dele.
Alguns países adotam inclusive paredes
acrílicas para evitar que gotículas da fala sejam trocadas entre os estudantes
e entre estudantes e professores, como é o caso da Coreia do Sul.
Alunos retomam aulas na Coreia do Sul;
em algumas escolas, carteiras têm divisórias — Foto: Yonhap / AFP Photo
Para estudantes menores, mantê-los
afastados é um desafio. Uma solução lúdica, feita com asas de papelão, foi
adotada na província de Shanxi, na China, para lembrá-los a distância que
precisam ficar uns dos outros.
Alunos do ensino fundamental usam asas
para manter o distanciamento na sala de aula em Taiyuan, na província de
Shanxi, no norte da China. Foto tirada em 20 de maio de 2020 — Foto: AFP
Horários diferentes de entrada e saída
Em Portugal, alunos estão sendo
organizados em grupos que terão horários de aula, intervalos e períodos de
alimentação diferentes entre si, para minimizar o contato.
A mesma medida foi adotada pelos governos
da Finlândia e Israel, que determinaram o estabelecimento de horários
diferentes para intervalos, entrada e saída para evitar aglomeração.
Na Dinamarca, além dos horários
variados, novos portões estão sendo utilizados para que a entrada e saída dos
grupos não coincidam. Os pais também são orientados a se despedir dos filhos
fora da escola e devem pedir permissão, caso necessitem entrar no
estabelecimento.
Arejar a sala
Na França, as escolas são orientadas a
manter as janelas abertas antes das aulas, durante o intervalo e depois da
partida dos alunos.
Afastamento de professores do grupo de
risco
27 de abril - Médicos de um hospital
coletam amostras de professores do ensino médio para testes em uma escola após
o surto da doença por coronavírus em Yichang, província de Hubei, na China —
Foto: China Daily via Reuters
Em Israel, professoras com mais de 65
anos não retomaram as atividades. A medida é para evitar que eles fiquem
expostos à uma possível nova onda de circulação do coronavírus.
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